Esta fic é um presente.
É um presente para duas pessoas que se tornaram muito importantes na minha vida. Apesar de não ter o privilégio de as conhecer pessoalmente, já não me imagino sem ter contacto com elas.
Tornaram-se verdadeiras amigas. Talvez confie mais nelas do que em colegas de turma, por exemplo.
Margarida e Soraya.
Esta fic é vossa. Talvez seja uma maneira deficiente de vos mostrar o quanto são importantes para mim. Mas estou a dar algo que é muito importante para mim. A fic foi feita para vocês. Foi feita com todo o carinho que sinto pela escrita e para a amizade que sinto para convosco.
Não seria a mesma coisa sem ti Margarida, nem sem ti Soraya.
Margarida, que pensa que é uma chata, mas que não sabe o quanto fico feliz com as suas palavras. É demasiado difícil explicar o quanto o seu apoio é importante. O quanto a admiro por tudo. Que está sempre pronta a dar uma palavra maravilhosa que nos ajuda a superar.
Soraya, nunca pensei ficar feliz com um atraso de uma encomenda. Se o artigo que ambas encomendamos não demorasse a chegar, nunca que tinha tido o privilégio imenso de a conhecer. Uma pessoa que apesar de não me conhecer pessoalmente se preocupa comigo. Que em dias importantes para mim, manda sms. Que pergunta sempre como estou. E isso não têm preço.
São amigas.
Margarida e Soraya são duas pessoas que espero nunca deixar de ter contacto. Tornaram-se mesmo especiais para mim. Admiro-as imenso. E mesmo que se um dia perder o contacto com elas, deixo aqui a “prova” do quão especiais e importantes são para mim. Acho que cresci com elas. Talvez por serem um pouco mais velhas, fazem-me entender coisas. E isso não têm preço. São parte da minha família do blog.
Não sei mais como dizer que vos adoro, meninas. Espero que gostem da história.
É vossa. Aproveitem! :)
E espero que todos que lerem a história gostem! :)
P.S->Se algum erro passar, desculpem. Às vezes, por mais que leiamos o que escrevemos não encontramos erros, mas eles andam lá… :P
1-Tudo o que começa, acaba.
A chuva caia gelada, sobre aqueles que rodeavam o caixão, onde ela permanecia imóvel. O caixão que selava o corpo gelado dela. Eternamente imóvel. O corpo daquela que eu um dia ousei amar.
Fiquei ali a olhar o seu rosto. O seu rosto suave, e perfeito. Sereno, calmo e… sem vida.
A sua beleza e perfeição não conseguiam ser apagadas nem pela morte. Ela sempre tivera uma beleza perfeita e absurda. Uma beleza inatingível que eu cobicei. A beleza que eu destrui.
Parecia que dormia, num sono tranquilo. Como tantas vezes tinha admirado. Só que desta vez o seu peito não subia e descia calmamente. O seu delicado corpo coberto por um vestido azul celeste que contrastava com a sua pele branca, outrora dourada. Um vestido que a fazia parecer o anjo que sempre fora. O anjo que destrói.
Desta vez eu não poderia acorda-la com beijos. Desta vez, não poderia fazer amor com ela assim que fitasse os seus perfeitos olhos castanhos. Castanhos como chocolate. Os seus olhos brilhantes e felizes.
Não. Desta vez, era a última que mirava a sua perfeição. A ultima que toquei os seus lábios e a sua pele suave. A ultima que cheirava os seus perfumados cabelos cor de mel. A última vez que sentia o seu aroma inebriante tão dela, junto com o perfume do seu champô. Maça. Ela amava maças.
- Abre os olhos meu amor… - implorei centenas de vezes aquela frase, e ela não atendia a minha suplica – Abre os olhos para mim…
Afaguei o seu rosto, com os dedos a tremer. Pela aquela que sabia ser a ultima vez, beijei os seus lábios. Que estavam frios e imóveis.
Debati-me contra os braços das pessoas que me afastavam do seu caixão. Lutei contra enumeras pessoas que me impediam de ser enterrado junto com ela.
Mas eu já estava a ser. Assim que a morte a levou para perto dela, inevitavelmente comprou uma passagem para mim.
Ainda a lutar e gritar para me soltarem vi a terra húmida ser lançada para a cova que eu mesmo abri. Não com as minhas mãos imundas, mas com as minhas acções. Eu nunca deveria tela querido para mim. Nunca a deveria ter tocado. Nunca.
Não percebia porque me achava digno de poder ter a sua presença constante na minha vida. Como ousei sonhar em fazer dela minha mulher. Não existia ninguém bom o suficiente para ela. Quanto mais eu!
E agora, assistia o seu corpo ser enterrado, ali, abaixo da terra. Onde a sua doce existência terminava, onde seria a sua ultima morada.
Não percebia porque não me deixavam ir também.
- SOLTEM-ME! – Debati-me mais forte – IRIS! IRIS! IRIS! NÃO ME DEIXES!
Mas todos ignoravam as minhas súplicas e continuavam a encerrar a sua vida. Avistei os pais dela, abraçados a olhar para mim. Os olhos acossadores, odiosos e raivosos.
Finalmente, alguém que me via como o assassino que era. Já estava farto de palavras mansas a dizerem que não era minha culpa, que fora ela que tomara a sua decisão. Que não me poderia culpar.
Mas eu culpava! A dor era tão grande que a cada contracção do meu coração agora vazio, o meu copo tremia com a dor excruciante. E eu sabia que nunca pararia. Sabia que só doeria mais.
- Eu matei-a! – rugi para os pais dela – Matei-a!
O pai de Íris caminhou até mim, ninguém tentaria impedir um homem poderosos como ele. Até hoje, apenas eu e a filha dele tínhamos lutado contra a sua vontade. E onde isso me levou? Ao enterro do meu pequeno milagre.
- Mataste-a. Sugaste a vida dela. – acusou calmo e ferino – A culpa é tua. Apenas tua. Levas-te a vida dela embora e terás de viver com isso.
- MATE-ME! – Implorei – Acabe com a minha vida, agora! Deixe-me ser enterrado com ela.
O homem riu de mim.
- Não. A tua dor apazigua a minha. Viverás um inferno. Esse será o teu castigo. Viveres uma vida sem ela, assim como nos condenaste a viver.
Virou costas e caminhou até a sua odiosa mulher.
- EU AMAVA-A! – Cai de joelhos, sem forças para lutar mais para conseguir o meu corpo erguido. Sem forças para correr para o lado do meu eterno amor – AMAVA-A! OUVIU?! DARIA TUDO PARA SER EU NAQUELE CAIXÃO!
- Devias ser tu! – rugiu-me tal como um cão. Com saliva a sair da boca – Oh, e eu sei que a amavas. Eu sei. – abriu um sorriso diabólico – E por isso viverás as tormentas do inferno.
- Não, não, não… Não viverei sem ela… - gemi.
Algum tempo depois já todos tinham deixado o cemitério. A última morada de Íris. Eu estava deitado no chão, sentia as pedrinhas nas costas e as gotas frias da chuva na minha pele, a misturarem-se com as lágrimas quentes que inundavam a minha visão.
Arrastei-me até a sua campa, raspava as mãos no chão, fazendo sair sangue. Eu simplesmente queria morrer.
Olhei a sua lápide, que mandei construir, onde uma foto dela surgia. Para todos apreciarem a beleza que eu destruí. O meu crime, ali presente.
Íris Correia
10 de Maio de 1986 – 20 de Novembro de 2010
Amada filha, e venerada namorada
O amor é eterno. Alem da vida, além da morte. Para sempre e sempre.
A última frase, carregada de significado para ela e para mim. A frase que sussurrava vezes sem conta no seu ouvido, enquanto me perdia nas suas delicadas curvas. Enquanto mostrava o quanto o meu corpo a venerava. O quanto era dependente dela.
Deitei-me em cima da campa. Alguns palmos abaixo de mim ela estava a descansar. Chorei desesperado. Desesperado por tê-la perdido.
- Oh meu amor… Oh minha doce Íris… Perdoa-me. Perdoa-me minha princesinha… O pequenina, eu amo-te tanto… IRIS! Porque me deixaste? A culpa é minha… A culpa é minha meu amor… Eu vou ter contigo… Vou mesmo atrás de ti. – sorri sonhador – e aí poderemos ficar juntos para sempre. Nem a morte nos pode separar. Lembras-te? Eu disse-te que amava-te tanto que seria além da vida. Espera por mim. Chegarei já em seguida. Amo-te meu pequeno milagre.
Lentamente ergui-me e como um moribundo arrastei-me até o nosso apartamento. Chorava pelas ruas e gritava de dor. As pessoas olhavam-me e chegavam a afastar-se. Pensavam que tinha enlouquecido. E realmente a dor emouquecera-me. Tinha que parar vezes sem conta para me agarrar a algum poste. A dor impedia-me de caminhar. Impedia-me de respirar.
Cheguei a casa e lancei-me para a cama que partilhava-mos. Agarrei forte os lençóis e berrei desesperado. Arranhei a minha pele imunda do rosto, sentia as lágrimas que jorravam pelos meus olhos. Gritei e rugi para extravasar a dor da perda. A mágoa da culpa. A raiva da vida. Sentia o cheiro dela lá. Ouvia a sua gargalhada, sentia o seu carinho. Enlouquecia a cada segundo. As memórias vinham imparáveis. Destruíam-me cada vez mais, se isso era possível.
Via-me encostado a uma árvore á espera de ver a coisa mais perfeita que os meus olhos já tinham focado. E ela lá aparecia. A rapariga que todos queriam. A linda e perfeita Íris. Claro que não ousava chegar perto dela. Não queria contamina-la com a minha presença. Todos sabiam que era um drogado. Que ia para o jardim para fumar a minha dose, ou para injectar a droga nas minhas veias. Mas ultimamente, simplesmente tornara-se um vício vê-la todos os dias. Não falhava um.
Observava de longe. Contava os minutos, os segundos para a ver.
Era Íris Correia. A linda e inatingível Íris Correia. A rapariga que roubava a minha lucidez, que estava presente em cada pensamento meu.
Era parvo, e estúpido. Também, sem nenhuma lógica. Mas eu apenas era feliz em olha-la.
Ela era perfeita. O tipo de coisa que só pode ser criado uma vez. O tipo de um perfeito trabalho manual dos Deuses. Podia procurar em todos os lugares existentes no mundo, que nada teria a sua beleza nem esplendor.
E eu estava… irremediavelmente apaixonado.
Vi o nosso primeiro beijo. Quando num momento desesperado a vi sair com um rapaz. Ela nunca saia com ninguém e naquele dia o rapaz ia com ela ao parque. E tentou beija-la. Simplesmente não aguentei. Esmurrei-o e apesar de a poder assustar, agarrei-lhe a mão e fugi com ela para o lugar onde sempre a observava. Tomei os seus lábios, perdido na paixão que sentia. Era como se fosse o meu primeiro beijo. Sentia-me tremer, sentia-me a morrer. E ela respondeu e disse baixinho ao meu ouvido “ Gosto de ti Afonso.”
Juro que quase desmaiei. Ela sabia quem era, e mesmo assim… Deus. Não pensei e não pude deixa-la afastar-se. Tudo o que queria era que ela repetisse sempre o “ Gosto de ti”. Ninguém gostava de mim. E logo ela gostava do drogado. Era insano. A perfeita Íris queria-me. A linda rapariga gostava de mim. E logo fiz os seus lábios murmurarem um tímido “Amo-te”.
Tinha 20 anos e ela 18. Era um drogado, mas ela acreditava em mim. Acreditava que ia deixar aquilo. Não percebia quando ia ao encontro dela, por vezes desejava ter uma dose. Mas ela era o meu novo vício. A minha nova heroína. Eu amava-a. Mais do que qualquer coisa. E por isso não podia afastar-me. Sabia que era o melhor para ela, mas cada vez mais me perdia nela. Perdia-me na sua pele, na sua voz, nos seus lábios.
Vi as discussões que tivemos quando ela me apanhava droga na mochila. Vi as vezes que lhe jorrava que nunca mais tocava em nada. Mas o vício era de mais. Estava apanhado por ele. Não me livrava da coca. A primeira vez que a amei como apenas um homem ama uma mulher. A vez em que fiz dela uma mulher. A primeira vez que alguém tocava o corpo perfeito dela. O prazer que proporcionávamos um ao outro. Simplesmente encaixávamos em tudo.
Lembrei-me da conversa que teve comigo, no dia do seu 19 aniversário. Encarou-me e disse que me amava. Mas que não podia continuar. Ou deixava a merda da droga, ou simplesmente ela deixava-me. Internei-me numa clínica e consegui deixar a droga. Porque simplesmente Íris não me podia deixar. Eu sabia que ela deixaria. Vi nos olhos dela.
Ela não iria assistir á minha ruína.
Os país dela tentaram separar-nos, mas não conseguiram. Arranjei um trabalho e deixei de viver ás custas dos meus pais. Comprei um apartamento e mudei-me para lá com Íris.
As imagens dela descalça pela casa assombrava-me. A imagem dela a cozinhar, a sua gargalhada a sua felicidade que destruíra. Vivíamos felizes naquele apartamento á três anos.
E arruinei tudo. A imagem dolorosa de naquela mesma cama, a ter debaixo de mim e ama-la. A ouvir os seus gemidos a sua voz enrouquecida pelo desejo ardente.
Puxei os cabelos. Era demasiado para mim.
2-Desições.
- Amo-te. – Sussurrou a minha Íris e depois caiu no sono. Fiquei a observa-la. O seu peito a subir e descer á medida que o ar entrava nos seus pulmões. O seu coração batia. O som pelo qual eu vivia. Acariciei levemente o rosto dela. Tão levemente como as assas de uma libelinha. A sua pele quente e delicada. Suspirei.
Como amava aquela rapariga. Amava-a desde os meus 20 anos. Agora 5 anos depois, amava-a ainda mais. Íris era perfeita com 18 anos. Com 23, era ainda mais. Cada segundo que passava era mais dependente dela. Mas viciado nela. Na sua voz, no seu corpo, na sua presença.
Íris dormia agarrada a mim, impedia-me de me libertar. Impedia-me que saísse de perto dela. Como aquela frágil miúda pensava que eu deixaria de a amar? Insano. Nem em mil anos eu pararia de ama-la. Pelo contrário. O amor que sentia aumentava a cada segundo, queria rebentar o meu peito repleto daquele sentimento mágico que Íris semeou nele e que era impossível de retirar. Íris. O nome que estava sempre presente no meu pensamento. 24 Horas por dia. O meu sol da meia-noite…
Encostei os meus lábios nos seus quentes e delicados lábios que estavam selados enquanto dormia. Toquei na sua mão esquerda que repousava no meu peito. Senti o anel que lhe ofereci, quando Íris aceitou ser minha esposa. Em breve seria. Sentia-os e eles faziam o meu coração acelerar. Ela sempre tinha a capacidade de fazer-me ficar tonto e que o meu coração batesse descompassado. Fiquei ali, de olhos fechados, a sentir os seus lábios por minutos. Inalando o cheiro que tanto me atraia. Senti o meu pequeno milagre.
Íris ainda a dormir respondia ao meu toque. Senti o seu suspiro e vi os pelos da sua nuca arrepiarem-se. Sorri.
Mas o sorriso morreu nos lábios. Que porra eu andava a fazer?
Não sabia.
O vicio andava ás voltas na minha mente. Uma vez escravo da cocaína, sempre escravo. Nos últimos dias, depois de me terem oferecido e ter recusado por Íris, andava com aquilo ás voltas na cabeça. E comprei o produto. Estava aqui no apartamento, mas ainda não lhe tocara. Sabia que assim que tocasse, não ia mais parar. Sabia isso perfeitamente. Assim como sabia que seria o fim do meu relacionamento com Íris. E isso era atroz.
Não me atreveria a ficar sem ela.
Lentamente acariciei o ombro nu de Íris. Sentia a pele quente e dourada dela. Beijei os cabelos cor de mel, com cheiro de maça. Eu precisava dela.
Beijei o seu ombro, só queria senti-la. Queria estar dentro dela. Não era sexo. Era amor. Queria sentir que ela ainda me amava. Queria-a.
Ela resmungou, e eu sorri. Ela demora a acordar. As minhas carícias tornaram-se mais intensas e ela respondia ainda a dormir. Tinha a pele toda arrepiada. Então abriu rápido os olhos. E sorriu.
- Tu não cansas… - murmurou.
- Nunca. – segurei o perfeito rosto – Eu amo-te Íris. Juro que és tudo para mim.
- Eu sei…
Gargalhei e esmaguei os lábios dela com os meus. E implorei-lhe que disse-se que me amava. Ela riu e disse que só me amava por ser um loiro com olhos azuis. Que se não tivesse músculos nem me ligava nenhuma. Timidamente, pediu-me para que mostrasse como o loiraço dela era capaz de a amar.
- Exactamente assim… - afastei as pernas delicadas dela e penetrei-a.
Ela gemia. Eu gemia. Só queria cada vez mais dela. Venerava o corpo dela. Venerava-a. Não teria prazer com mais ninguém. Os nossos corpos suavam, a minha pele ardia quando tocava a dela. Os nossos corações batiam como um só. Deslizava dentro dela, e tremia com o prazer que sentia. Fazia-a tremer enquanto unia a boca com a dela. Enquanto encostava a testa na dela e as nossas respirações se juntavam, assim como o nosso corpo e as nossas mãos. Ela era minha.
Fiz Íris minha. Minha como nunca foi, nem será de ninguém. Íris fez-me dela como nunca ninguém fez. Amei Íris. Os nossos corpos estiveram o mais próximo possíveis. Entrei nela fazendo-nos completos, num momento que era só nosso. Sentimos prazer sem igual. O prazer e o amor era a única coisa que existia. Era-mos perfeitos um para o outro mesmo assim… Amando-nos…
Aquela noite foi perfeita. Uma que como todas as outras que partilhávamos, por mais anos que viva não ia esquecer um segundo sequer. Cada lembrança dela está marcada a ferro na minha mente. Sei de cor cada poro do corpo de Íris. Cada sabor dela. Perdi a conta de quantas vezes fizemos amor. De quantas vezes nos unimos. Quando Íris começava a dormir depois de atingir o clímax junto comigo, eu não esperava nem 10 minutos, para acorda-la lentamente e então fundir-me nela novamente. Experimentar de tantas maneiras diferentes como podíamos ter prazer um com o outro. Eu não me cansava, nunca de Íris… Parecia que nunca tinha o suficiente dela. Depois de horas perdido no corpo dela, ainda poderia fazê-la minha infinitas vezes, até que nossos corpos se fundissem. Mas ela caiu em cima de mim gargalhando sôfrega, clamando por misericórdia. Implorando para que o seu loiro tivesse clemência por ela.
Abracei com o tacto apurado, tinha-a nos meus braços enquanto ela cansada adormecia. Gravei cada um dos seus poros, respirei fundo no pescoço dela. Senti seu aroma próprio. Fiquei inebriado por ela. Com o meu corpo ainda encaixado no dela, beijei seus cabelos. Ela, tal como eu, adorava dormir comigo dentro dela. Beijei a sua boca, cada pedaço do delicado e perfeito rosto.
Só me apetecia esmaga-la junto de mim. Só a queria para mim. Sorri ao lembrar-me das nossas conversas. Íris dizia que quando tivesse 27 anos teria que lhe dar um filho. Que agora era muito nova e por isso tomava a pílula, mas que iria queria um filho meu. E eu queria dar-lhe isso. Conseguia vê-la de barriga, sempre linda e perfeita, com outro filho nos braços. Eu dar-lhe-ia os filhos que ela quisesse. O negócio que comecei apenas com uma oficina, alargara-se e agora abrira mais 5 para corresponder aos pedidos. Já compramos uma casa enorme para construirmos família. Apenas esperávamos as obras concluírem-se. Eu dar-lhe-ia tudo. Lembro-me que fiquei um pouco enciumado quando ela disse que queria filhos. Não conseguia pensar que ela iria amar mais eles do que a mim. Queria-a só para mim. Mas ainda tínhamos mais anos sem bebés chorosos. E ela prometera que nunca conseguiria amar mais alguém do que a mim. Contentei-me porque ter uma miniatura de Íris, seria lindo.
Mas então os pensamentos sombrios voltavam. Voltavam com toda a força. Tremi com medo.
E falhei. A decisão já estava tomada.
Deixei-a dormir e sentindo uma dor cada vez mais forte. Senti que a traia, mas eu tinha que o fazer.
Levantei-me da cama, com cuidado para não a acordar. Beijei a sua pele com devoção. Ela tinha um sorriso nos lábios que me fazia ficar mais apaixonado e mais cheio de remorso. Mas era forte de mais.
Vesti uns boxers e sai do nosso quarto. Tremia com a vontade de sentir aquilo novamente. A euforia do vício.
Peguei nas coisas, fui á cozinha buscar um isqueiro e levei-as para a casa de banho. Com cuidado para não fazer barulho encostei a porta. Mas sabia que Íris nunca iria acordar. Estava cansada e tinha o sono pesado. Poderia rebentar uma bomba que ela não se levantaria da cama.
Encostei-me ao mármore da banheira e espalhei as coisas á minha volta. As coisas de drogados. E eu estava a deixar de ser um ex-viciado para entrar novamente naquilo.
Era de mais. Apesar de ter a minha mulher na cama, de a minha vida ser ela, de saber que caminha para a destruição de tudo o que conquistara, não pode evitar.
Fitei a agulha preparada. Tive o cuidado de preparar uma dose pequena, porque os viciados que deixam e depois voltam, assim que experimentam têm uma overdose. Tudo porque começam com dose que pararam. E não poderia ser assim, o meu corpo entraria logo em clopso. Tinha que baixar a dose.
Toquei na agulha. E perguntei aquilo que me ia na alma.
- Realmente queres isto Afonso?
Tive uma luta interior. Vi Íris e vi a droga. Obviamente que eu queria Íris. Mas um drogado não tem escolha. Já fizera coisas para ter uma dose, que nunca imaginei fazer. Coisas que não tinha sido educado para fazer, tudo porque vivia só pela próxima dose. Agora vivia por íris, mas…
- Bem-vindo novamente ao mundo da droga Afonso. – murmurei.
Assim que a droga entrou no meu organismo, senti uma espécie de manto quente cobrir-me. O mundo era cheio de felicidade. Estava completamente ausente, perdido na droga.
Ouvi barulho mas não atinei para nada.
3- Apanhado.
- Afonso? – era Íris. Tive medo. Ela estava acordada e andava pela casa.
Mas não atinava a esconder-me.
Então ela abriu a porta, enrolada num robe. Viu-me sentado no chão, com as merdas á minha volta. Viu-me drogado. E ela nunca me vira drogado. Nunca!
A dor, o choque, a desilusão que vi no seu olhar… Nunca esquecerei. Ela derramou lágrimas e apenas murmurou um “Porquê?”.
Então quando não lhe respondi uma onda de fúria invadiu-a. A íris sempre calma, tí9mida e brincalhona mudou e ficou furiosa como nunca a vi. Gritava que era um filho da puta de um drogado. Ela nunca me tinha chamado drogado. Sempre que eu utilizava esse nome, ela impedia-me. E agora fazia-o. Sabia que tinha acabado. Ali perdera a minha vida.
Ela agachou-se perto de mim, segurou o meu rosto, olhou-me com nojo e ódio. Repetiu a pergunta.
Ao não obter resposta deu-me uma estalada que fez a minha cara girar. Levei os dedos à bochecha dolorida e via atirar com o isqueiro, colher para cima de mim. Pegou num saco de pó e com um rasgão verteu tudo na sanita.
Tentei impedi-la. E ela olhou-me com dor.
- Agora reages não é? – lágrimas escorriam do seu rosto – Que fizeste connosco, Afonso?
Não conseguia pedir desculpa. Não podia. Sabia que ela não desculparia.
- Acabou. – arrancou o anel do dedo e atirou-mo á cara.
Aquela simples palavra teve a força de me fazer cair no chão. Ela saiu e bateu com a porta da casa de banho. Fiquei lá a chorar. A ver a merda que tinha feito. Ela não me perdoaria. Sabia que assim que me metesse naquilo novamente e ela soubesse, acabaria tudo. Vi a minha vida ir pelo cano abaixo. Vi o meu milagre tornar-se no meu inferno.
Passaram horas e estava a amanhecer. Tomei banho, para afastar a dor. Sem resultado, embrulhei-me numa toalha e fui para o nosso quarto.
Íris estava lá, sentada na cama com pernas à chinês, enroscada no robe. Tinhas os olhos vermelhos e inchados. Eu fizera-lhe aquilo. Eu magoei-a mais que tudo.
Não consegui olhar os seus lindos olhos castanhos. Simplesmente coloquei o anel perto das suas pernas. Era dela. Abri a porta do armário e comecei a vestir-me.
- Não tens nada para me dizer, Afonso?
Olhei-a. Neguei com um gesto de cabeça. Não poderia pedir desculpa.
Vesti uma t-shirt, e sentei-me na cama para me calçar. Não poderia chorar na frente dela.
- Escolhes-te a droga Afonso… Porquê? Não te fazia feliz?
- Nunca fui tão feliz em toda a minha vida Íris. Sabes perfeitamente o quanto tentei.
- Não tentas-te com força suficiente. – disse cheia de dor.
- Não tinha mais força. – dei de ombros, supostamente indiferente.
Tinha que a deixar. Não a ia destruir. Ia afundar-me a mim mesmo, mas não a levaria comigo. Íris não me veria na merda. Acabara ali. Em primeiro lugar, nunca que devia ter entrado na vida dela. Agora os seus olhos vermelhos e inchados estavam repletos de dor. Repletos de uma dor que eu provocará. Eu nunca quis magoa-la. Não podia ficar perto dela quando sabia que iria magoa-la. A decisão estava tomada e nada me mudaria as ideias. Ela merecia tão mais.
- Afonso… Olha para mim… - fitei os seus olhos atormentados – Quando voltas-te a injectar?
- Aquela foi a primeira vez em anos. Juro. – não queria que ela pensasse que a andava a enganar durante aqueles anos que vivemos juntos.
Ela olhou-me cheia de tristeza.
- Mesmo depois de nos termos amado… Oh Afonso! Porque nos fizeste isto?
Não tinha resposta.
- O meu amor não era suficiente? Afonso! Deite tudo o que podia! Fui contra a minha família, os meus amigos… Que mais te poderia dar? Entreguei-me de corpo e alma a ti! Dei-te a minha vida, e olha o que fizeste com ela. – ela não gritava. Murmurava atormentada. E eu sabia que aquilo tudo era verdade.
Não tomei conta dela como devia. Ela era um tesouro que me foi dado. E eu saqueei o meu próprio tesouro.
- Vou fazer-te um pergunta Afonso. – olhou-me nos olhos – Queres entrenar-te novamente?
- Não. – respondi. Eu até poderia conseguir deixar de vez, embora fosse muito difícil. Todos sabem que entrando nesta vida, compramos uma passagem só de ida. A luta seria constante. Eu poderia lotar por ela. Mas e ela? Ia mais uma vez andar a fazer visitas ao centro?
Eu sabia que ela nunca tivera vergonha de mim. Sabia que ela me amava e fazia todo por mim. Assim como eu fazia todo por ela. E neste momento o amor que sentia por ela era tão grande, que simplesmente tinha que pensar nela e não em mim.
Claro que eu queria ajoelhar-me perante ela. Implorar o seu perdão. Eventualmente ela perdoaria. Iria para uma clínica. Ela iria ver a família dela mais uma vez clítica-la. Os amigos mais uma vez olha-la com reprovação. Eu cncegui deixar a primeira vez. Mostrar a todos que daria muito a Íris. Eu construíra um império, tornei-me rico com muito trabalho, só por ela. E por ela é que eu a estava a deixar.
- Mas… Eu Amo-te Afonso… Tenta, por favor! – levantou-se e abraçou-me – Vamos mais uma vez lutar. Fomos tão felizes estes anos. Oh Afonso! Só recais-te hoje, vais ver que conseguimos!
- Não. – afastei-a de mim, com as ideias já na cabeça – Não dá mais Íris. Antes amava-te. Agora não.
Ela acreditou. Enquanto atirava umas roupas á presa para uma mala, ela chorava. E eu morria aos poucos.
Só por ela. Eu tinha que ser forte. Por ela. Ela merecia muito mais. Muito mais que um filho da puta de um drogado.
4 - Partida
- Tens mesmo que ir? – chorava e tentava segurar o seu corpo com os meus braços. Tentava impedir de se quebrar em mil pedaços, tal a dor que sentia.
- Sabes que sim Íris. – respondeu duro Afonso, enquanto me dava um beijo frio na testa e puxava a alça da mochila para o ombro. Ele levava as suas roupas naquela mochila. E ia sair de casa.
Virou-me as costas rápido, tentava evitar ver as lágrimas cheias de dor que escorriam pelas minhas pálpebras.
- É a última vez que nos vemos Afonso? Depois do que passamos durante tanto tempo…
- Eu simplesmente não te quero mais. Estou farto de ti Íris.
Inutilmente agarrei-me a ele. Tentei prende-lo pela camisa. Tentei impedir o meu amor de partir, mesmo sabendo perfeitamente que ele era infinitamente mais forte, mesmo com a noção que ele já não me queria, que não me amava mais… Apenas não podia deixa-lo partir. Para longe de mim. Para a destruição. Não podia deixar Afonso entrar de vez no mundo da droga.
- Por favor... Fica Afonso! Por Deus, fica!
Simplesmente não aguentei mais. As pernas falharam e caí de joelhos no chão. Não podia deixar o seu amor ir embora. A vida acabaria. Sabia que assim que Afonso sai-se por aquela porta, nunca mais o ia ver. Nunca mais. Talvez um dia o visse no noticiário como mais um caso de overdose.
- Chega Íris...Chega... Não te quero mais. – desprendeu as minhas mãos com força – Já estou farto de ti! – rugia – Não vês que não te suporto mais? Foda-se! Não aguento olhar mais na tua cara! Percebes isso? Entende isto de uma vez por todas, caralho!
Solucei e assenti. O meu peito ardia e compassava pela dor sufocante, que me fazia engasgar. O meu amor não parecia o mesmo. Nunca tinha sido bruto comigo. E agora agarrava forte o meu rosto e olhava-me com os olhos azuis a faiscarem de raiva. Por mim? Que raio fizera, além de o amar?
- Pára com isto!
- Afonso, estás a magoar-me… - imediatamente ele soltou-me – Nunca foste bruto comigo…
Simplesmente beijou-me desesperado. Era o último beijo. Era uma despedida. Apesar de puxar os seus cabelos loiros para o impedir de me abandonar, ele tirou as minhas mãos e saiu de casa. Bateu a porta com força e foi-se. Para sempre.
Deixou-me ali caída no chão da sala. Só me conseguia lembra das vezes que juráramos amor eterno um ao outro. Como raio acabamos ali? Porque ele tinha que cair no vício novamente? Um amor como o nosso não podia acabar assim. Era insano. Parecia que me tinham amputado, como se tivesse sido atropelada por um camião, como se me arrancassem os olhos, como se me afogasse em ácido sulfúrico. Tudo isso com mais uma dor dez vezes pior a cortar-me o peito, a rasgar o meu coração. Afonso foi-se embora. Afonso não me queria. Afonso não voltaria. Nunca mais veria Afonso. Afonso voltou para a droga.
Tudo isso girava na minha mente. Tudo isso fazia-me viver um pesadelo terrível. Tudo isso matava-me lentamente. Tudo isso, fazia-me morrer.
Só havia uma coisa a fazer. Não tinha Afonso, não tinha nada. Nada valia a pena sem ele. E eu sabia que ele não voltaria nunca mais. Vi nos olhos dele. Arrastei-me para a casa de banho. As merdas que Afonso utilizou ainda estavam ali. Só me lembrava de todos os momentos bons que passamos. De quantas vezes nos amamos naquela banheira. E lembrei-me da dor de o ver encostado ali. A drogar-se. Senti o gosto amargo de bílis na boca, chorava tão copiosamente que me sentia tonta. Desesperada debrucei-me sobre o vaso sanitário e despachei tudo o que tinha no estômago, que não era muito. Estava histérica. Sentia-me enjoada. O meu peito dava solavancos a procura de ar onde só havia dor. Parecia que os pulmões não funcionavam. Engasgava-me no choro. Limpei a boca e tentei levantar-me. Lavei os dentes e o rosto. Enquanto secava a minha pele, só pensava no plano que se formava na minha mente.
Enquanto me arrastava para a sala novamente, imagens assaltavam-me os pensamentos. Imagens doces e maravilhosas. Que arranhavam o meu coração mutilado.
Flashback
- O amor é eterno. Alem da vida, além da morte. Para sempre e sempre. – sussurrou nos meus lábios enquanto lábia um pouco de gelado no canto da minha boca.
***
- Não vais amar um miúdo mais do que a mim, certo? – o lindo rosto de Afonso estava assustado – Diz que me amas da mesma forma que eu te amo!
***
Quando, ele saiu da clínica e me convidou para viver-mos juntos. A felicidade nos seus olhos. A felicidade de podermos viver o nosso amor sem o fantasma da droga. A felicidade de viver-mos apenas um para o outro.
***
-Quero que sejas a minha mulher.
-Afonso…
Afonso ajoelhou-se aos pés, olhando-me intensamente. Fez o pedido. Apesar de vivermos juntos á dois anos, ele sempre quisera ser casado legalmente. E nunca imaginei que ia fazer-me o pedido, completamente nu. Depois de nos amarmos, numa praia deserta.
- Íris Correia. Prometo amar-te para sempre, todos os dias da minha vida. Aceitas casar comigo? Aceitas viver comigo durante décadas?
Os meus lábios tremeram e lágrimas caíram dos meus olhos.
- Sim.
Afonso levantou-se e sorriu-me. Um sorriso iluminado e genuíno. O azul dos seus olhos ficou rejubilante de alegria. De paixão. Depois tomou-me num abraço forte e fizemos novamente amor naquela praia. Afonso seria meu marido. Meu.
***
A noite passada… Enquanto os nossos corpos se amavam. Ser acordada com as carícias dele…
Fim do Flashback
- Ele foi mesmo embora? – não sabia que aqueles gemidos quase inaudíveis saiam da minha boca.
Aquilo só podia ser um pesadelo. Sim era. Tinha tudo para ser o meu maior pesadelo: Afonso voltara para a droga, destruía a vida dele e a minha. Foi embora sem olhar para trás.
Sim. Era o meu maior pesadelo.
Mesmo depois de ter implorado. Depois de me ter entregue a ele de corpo e alma. Depois de tudo! Depois de tantas barreiras que superámos, tantas provas… Como acabava assim? Que espécie de história de amor terminava de maneira tão sórdida? Tínhamos comprado uma casa, a vida profissional de Afonso estava em alta, tínhamos um relacionamento tão feliz…
Sentia-se morta. O seu amor abandonou-me quando mais que tudo eu amava-o. Estava disposta a perdoa-lo e ele simplesmente já não me amava. Venderia a minha alma ao diavo por ele. Cortei laços com a minha arrogante família. Deixei de falar com conhecidos e todos aqueles que significavam algo para mim. Tudo por ele. E não estava arrependida, pois Afonso vencera e éramos felizes. Simplesmente nos os dois. Íris e Afonso. Afonso. O meu primeiro e único amor. O meu eterno amor.
Tentei novamente. Uma última tentativa. Se não resultasse, sabia o que tinha que fazer. Apanhei o telemóvel que estava no sofá da sala. A lembrança dolorosa que estava lá de forma descuidada porque Afonso tinha pegado em mim ao colo enquanto falava com um colega da loja de roupa que Afonso abrira para mim. Afonso com ciúmes tirou-me o telemóvel da mão e atirou-o para o sofá. Pegou em mim ao colo e arrastou-me para o quarto. Entre gemidos tinha-me mostrado que o meu corpo só responderia ao dele.
Marquei o número dele. Ele tinha que atender. Tentei e tentei. Mas era inútil.
Ele já não me amava.
Alguém poderia fazer a dor parar? Tinha alguém a espetar-me uma faca no peito. Uma e outra vez. Os soluços que saiam da minha boca faziam os pulmões doerem. A visão estava turva. Procurava oxigénio mas era impossível respirar com aquela dor.
A minha vida resumia-se a nada. Tudo era Afonso. Agora, não tinha nada. A vida não tem sentido, quando perdemos o nosso verdadeiro amor. O plano já estava traçado.
Peguei no bloco de folhas que estava na sala, e escrevi. Pensei que teria muitos anos para dizer-lhe tantas coisas… Mas não. Sabia que Afonso leria as minhas palavras. Embora não me amace, saberia a verdade. Comecei a escrever tudo que ia no meu coração. Escrevi umas palavras para os meus pais, que apesar de tudo os amava. Disse-lhes que seria sempre a filha deles, apesar de não me terem apoiado, á muito que os tinha perdoado.
Transmitia para o papel, umas últimas sílaba. Palavras carregadas de amor para aquele que tinha toda a importância nos meus últimos minutos.
Assim que terminei essa parte do plano, sentei-me no sofá e apenas… Chorei. Não acreditei que tinha mais lágrimas. Mas parecia que nunca acabam. Pois a dor da perda de Afonso era demasiada. Lágrimas furiosas que escorriam pelos meus olhos, a tentar limpar a alma daquele tormento.
Levantei-me e limpei o rosto. As lágrimas terminaram. Hora de seguir em frente. Abri gavetas dos armários á procura de medicamentos. Mas então vi. Aquilo era de Afonso. Um saco com erva, um saco com pó branco e sacos com pastilhas. Porque ele comprara tantas coisas? Aquilo seria a morte dele.
Seria a minha morte.
Afonso achava-se um monstro mas eu só via nele o ser mais lindo do mundo. Não só pelo seu rosto ou corpo. Afonso lutava constantemente contra o vício. Quando ele me beijou a primeira vez. Eu voei por minutos. Sempre via aquele rapaz lindo no parque. Sempre lá. Nunca que pensei que estava lá por mim, mas sim porque estava lá para arranjar produto. Ia lá todos os dias só para o ver. Então um dia ele beijou-me. E admiti gostar dele.
Uma semana depois ele dissera “ Devias afastar-te de mim Íris. Sou um drogado. Só te vou fazer mal”. Afonso pensava que iria fugir dele, pois chegou a acreditar que ao contrário de toda a gente, ignorava o facto de ele ser viciado. Mal Afonso sabia que com essa frase tinha conquistado o meu coração, a minha alma e o corpo para toda a eternidade. Admitiu-me e eu admiti que o amava. E ele furou-me amar-me para sempre. Amava-me mais por ter visto nele não um drogado, mas um homem.
Olhei a saca com pastilhas. Estava ali a solução para a dor. Acabaria a dor. Sentei-me no chão e abri a saca. Pastilhas saltavam e dançaram na minha frente. Parecia um dia frio. Parecia o dia em que vi Afonso pela primeira vez.
Flashback
Viu a caminhar no parque com as mãos nos bolsos e a fumar um cigarro “estranho”. Estava um frio do pior, e eu encolhia-me no casaco enquanto a miniatura do cão da minha mãe fazia as necessidades dele no jardim. Estava chateada por ter que ser eu a levar aquele cão maricas a passear. Então tudo parou quando vi aquele rapaz lindo, e assim que os olhos azuis dele fitaram os meus corei. Sorri. Afonso tinha engasgado com o fumo e o “cigarro” tinha caído na roupa dele. Apresado sacudiu-se para não se queimar. Pisou aquilo que aprendi ser um charro, e embaraçado sorriu-me.
- Olá. – disse – Tudo bem?
- Sim. – sorri de volta.
- Estás á espera também? – perguntou meio desconfiado.
- Estou. – olhei para o estúpido cão. Ele nunca mais se despachava. Estaria mal dos intestinos?
- Afonso. – Apresentou-se.
- Íris. – sorri-lhe meia tímida.
- Bonito nome. – sorriu também - Nunca te vi por aqui.
- Praticamente venho cá todas as manhas. – não conseguia olha-lo – Prefiro vir de manha. Á tarde não gosto. – tinha mais o que fazer do que passear o animal de tarde. O cão até podia parecer inofensivo, mas não era.
- Eu cá prefiro de tarde. – deu de ombros – Mas o Raul hoje só dava de manha. – deu novamente de ombros.
Disfarçadamente procurei pelo cão dele. Não o vi. Provavelmente tinha fugido enquanto ele falava comigo.
Ele soprava para as mãos para as aquecer e riu enquanto olhava o meu nariz.
- Tens o nariz vermelho.
- Oh – corei e ele riu divertido.
- Há quantos anos? – perguntou enquanto olhava para as árvores.
- Quantos anos? – perguntei sem entender.
- Tu sabes… Vens cá…
- Ah! – pensei. O cão tinha uns 3 anos mais ou menos – Acho que uns 3 anos… - A conversa era estranha. – E tu?
- 5. Desde os 15. Com quantos começas-te?
- Com 15 também. Estou com 18. Tens 20, certo?
- Sim. 15 É uma idade complicada. Metemo-nos nessas coisas…
- Pois…
- Já tentas-te deixar? Eu não consigo. – disse enquanto me olhava. O vento empurrou o meu cabelo para a frente do rosto e ele meio reticente colocou-o de volta atrás da orelha – Então, tentas-te deixar?
- Claro! – disse divertida. Quem não tentaria deixar de passear aquele cão? – Mas a minha mãe não deixa. Sabes obriga-me. E o meu pai também. Por mim já tinha parado. – disse séria – Sabes como são os pais. – dei de ombros.
- O quê? - olhou-me chocado – Miúda, tens que sair de casa! Consigo arranjar-te casa se quiseres. Se consegues deixar, eu ajudo-te na boa!
- O quê? - Ele estava a gozar comigo? – Sair de casa só porque os meus pais obrigam-me a passear o cão? – olhei-o sem entender.
Ele olhou-me estranho. Abriu a boca surpreso e depois olhou o cão. Estava chocado. Não percebia nada. Esfregou o rosto e olhou-me meio envergonhado.
- Eu acho que é melhor sair do teu lado…
- Porquê? Vais procurar o teu cão?
- Algo assim… - sorriu e despenteou o cabelo já desalinhado.
- Afonso! – chamou um rapaz. Quando olhei o rapaz que chamava fiquei um tanto assustada. Vestia-se como um marginal.
- Fica bem. Íris. – sorriu e deu-me costas.
- Ei! – segurei o seu braço – Não vais ter com aquele, pois não? – Perguntei assustada – Pode fazer-te mal!
Ele sorriu meio triste e piscando o olho, caminhou para o tal rapaz. Vi Afonso dar dinheiro ao tal Raul e em troca receber um saco. Não vi o que era, mas percebi que aquele lindo rapaz estava a comprar droga. Com um sorriso triste, Afonso passou por mim e foi para traz de umas árvores.
Então ele era dependente daquelas substâncias. Prendi rápido a coleira naquela miniatura estúpida de cão, e puxei-o depressa para casa.
Fim do Flashback
Voltei a olhar a pastilhas. Seria que tinha sido o Raul o antigo “fornecedor” de Afonso a vender-lhe mais? Não importava. Estavam ali apenas para o papel final.
Engoli uma. E outra. E mais outra. Assim o seu corpo já não doeria mais a cada batida do coração. Coração que pulsava o seu sangue por todo o seu corpo e fazia-me sentir a morrer. Mas o meu corpo estava morto assim que Afonso me deixou. Assim que ele cruzou aquela porta, estava condenada. Condenada pelo amor enlouquecedor que sentia por ele.
5 – Tempo
Atirei a mochila para dentro do carro veloz. Liguei-o enquanto lágrimas caiam pelo meu rosto. Arranquei a toda a velocidade. Sentia-me o pior dos animais, o mais insensível dos homens, sentia-me a pessoa nojenta que era. Tudo piorava com os telefonemas dela. Não tinha coragem para atender. Assim que a ouvisse pedir-me novamente para voltar, perderia a coragem e voltaria. E tudo iria começar. Aquele círculo sem fim. Eu precisava de fazer isto. Por Íris. Por mim o que eu mais queria era estar com ela, nada mais para me sentir completo. Mas Íris merecia muito mais do que aquilo que algum dia eu lhe poderia dar.
Merecia viver sem o medo de eu voltar a consumir. Merecia viver sem aqueles pesadelos que eu sei que ela teria a partir de agora. Depois que voltei da reabilitação e vivemos juntos, ela tinha pesadelos. Saia que era comigo a voltar a consumir. Ela apesar de me dizer que confiava em mim – e confiava, apesar de eu não merecer – vivia com medo de eu voltar para aquilo. Esse medo tinha sido adormecido, mas agora voltara.
Não queria que ela vivesse a pensar se eu estaria sobre o efeito de drogas ou a pensar em consumir. Ela não merecia ter um marido toxicodependente. Não merecia que o pai dos futuros filhos dela fosse a porra de um filho da puta de um drogado. Não merecia viver ao lado de um homem como eu.
Merecia era alguém intrigo e não uma escumalha.
Liguei a aparelhagem do carro em altos berros. Conduzi sem saber para onde, porque não tinha destino. O meu lugar era ao lado de Íris. A minha casa, o meu lar era onde ela estava. Simplesmente tinha que fugir dela. Por ela, apenas por ela.
Queria fugir do som do telemóvel a tocar, não ver o nome dela a piscar no visor do telemóvel. Entrei na auto-estrada, porá sair logo daquela porra de cidade. Só queria fugir. Desaparecer de tudo o que me lembrava dela.
O pior é que eu ainda podia sentir seu perfume dentro do carro, impregnado nas minhas roupas, na minha pele.
O nevoeiro dificultava a visão. Mas se tivesse um acidente e morresse seria bom até. Pararia de doer. O meu ser ficava vazio de significado a cada quilómetro que percorria. A cada metro em que minha existência medíocre afastava-se da mulher que amava. Da pessoa que para mim era brilhante e eu deixava para trás. Deixei a chorar e a sofrer naquele apartamento vazio e cheio de lembranças nossas. Deixei-a porque estava só a pensarem na minha atitude estúpida de a proteger. Porra. Deveria ter lutado por Íris, eu deveria ter feito tudo que estivesse no meu poder para a merecer, deveria tê-la feito feliz cada segundo da sua existência. Deveria tê-la abraçado quando ela disse que me amava. Deveria tê-la levado para a cama e fundir-me novamente nela. E deveria ter-me internado novamente.
Agora eu daria tudo para poder voltar atrás no tempo. Desprezo-me. Desprezo a minha existência mais do que o facto de continuar a respirar enquanto o seu corpo encontra-se vazio e sepultado.
Após de tantas merdas, eu encontrei-a. Íris mostrou-me a beleza da esperança. Por mais absurdo que seja, por mais que ninguém acredite, eu amo-a. A minha linda princesa. A minha Íris.
Não pensei. Simplesmente fiz uma manobra arriscada e dei a volta. Em plena auto-estrada, conduzia ao contrário. Aquilo tinha atingido o nível do insuportável. Chega. Acelerei e levei o carro á potência máxima. 180… 190… 200…
Não sei quem eu pensava que era para acreditar que seria capaz de viver sem Íris. Pelo menos eu tinha tentado.
Ou tinha sido estúpido o suficiente para isso.
Estava a habilitar-me a morrer, pois os carros surgiam e não sabia bem como, manobrava-os enquanto apitavam. Ligavam para a polícia das cabines das portagens. Não queria saber. Assim que possível saí da auto-estrada.
Tentei ligar para ela, pois ela já desistira de ligar para mim. O meu amor deveria estar a chorar por minha causa. Desisti do telemóvel e pisei ainda mais fundo no acelerador e forcei o carro a dar o máximo. Ignorei semáforos, não parei em stops. E foi uma sorte ninguém ter aparecido numa passadeira. Não queria saber de multas, não queria saber se ia preso. Simplesmente tinha que dizer a Íris que iria tentar mudar. Que a amava. Estava prestes a pagar um preço muito mais alto do que qualquer pena que os tribunais pudessem decretar.
Saltei do carro gritando seu nome. Subi as escadas do prédio ignorando completamente as velhinhas que me olhavam como se fosse louco. Não havia tempo para chamar o elevador. Só queria abraçar Íris. Só queria implorar-lhe perdão.
Ela já deveria ter ouvido os meus gritos. Naquela rua todos deveria ter ouvido. Encontrei apenas o silêncio como resposta, mas Íris estava lá dentro, eu rezava para que estivesse. Ela não podia ter fugido. Eu iria procura-la no fim do mundo. Onde ela estivesse, seria o meu lugar.
Ao lado dela, sempre ao lado dela.
Ela não respondia, e era merecida a agonia que ela me fazia passar. Um castigo até a encontrar. Provavelmente me daria uma estalada na cara quando lhe aparecesse á frente. Poderia dar as que quisesse, logo que depois me beijasse. Pontapeei a porta que se partiu em mil pedaços, disparei pela casa dentro. Corri para o quarto e encontrei apenas ar parado e estranhamente silencioso. Oco de vida. Ela não estaria em casa?
Corri para o armário e abri. Não. Ela não tinha abandonado a casa.
Aquela casa que não parecia habitada. Um medo irracional começou a correr-me pelas veias. O coração disparava e ela não respondia quando a chamava baixinho.
Entrei na sala e vi o telemóvel caído próximo ao sofá. Abaixei-me e olhei o visor. A foto nossa que tanto estava no meu telemóvel como no dela, era o fundo. O meu número era o último número marcado.
Enquanto fitava o telemóvel os meus olhos foram atraídos para o chão. Ecstasy estava espalhado pelo chão. Só poderia ter encontrado aquela porcaria.
Sussurrei o seu nome com um pressentimento hediondo a tomar conta de mim. Massajei o peito, pois doía-me. Um pressentimento mau que fez a minha pele gelar.
Tentei afastar a ideia maligna da minha cabeça inutilmente.
E então a visão tornou-se real.
Meu pior pesadelo acontecia bem na minha frente.
Íris caída no chão da sala, sem parecer respirar. O corpo enroscado no robe, ecstasy á sua volta.
Uma leve espuma saia dos seus lábios.
Berrei aterrado o seu nome. Ajoelhei-me ao seu lado e sacudi o corpo sem vida. Implorei para que movesse os olhos que pareciam petrificados em uma última expressão.
Os olhos castanhos, pareciam felizes. Sem a dor que tinham ao abandona-la. Poderia ser a minha culpa e imaginação a desejar que ela fosse feliz no seu último momento. Ou tinha sido a felicidade de uma dose. Os seus olhos pareciam sonhadores, felizes, satisfeitos e brilhantes. Pareciam os olhos que me fitavam depois de fazer-mos amor.
A abracei o corpo perfeito dela. Que segundo após segundo, perdia temperatura. Beijei a boca dela. Não me importava com o veneno. Queria era mesmo morrer com ela. O veneno não me mataria. Mas matara-a a ela.
A minha Íris estava morta, inerte nos meus braços. E eu era o único culpado.
Vi dois envelopes na sua mão. Peguei nos envelopes lentamente. Um era destinado a seus pais e o outro envelope tinha o meu nome. Tremi. Íris tinha algumas palavras para me dizer. Palavras que eu queria ouvir dos seus lábios, mas não podia. Dos seus lábios, jamais som algum sairia.
Vizinhos do prédio chegaram, assustados pelos meus gritos, urros e rosnados. Assustados pelas minhas implorações de Íris voltar, os meus pedidos tardios de perdão. A minha histeria e desespero.
Levaram-na. Não conseguia mover-me do chão apenas olhava a carta que Íris me deixara. Íris que estava a ser carregada por dois homens vizinhos seus. Levavam-na para longe de mim. O castigo pela minha infama sem precedentes.
Eu amo-te
Eu sempre soube que acabaríamos tragicamente.
Apesar das decisões que tomei, que me levaram para longe da minha família, eu não me arrependo. Porque elas me levaram até ti, Afonso. Ao teu lado eu sentia-me…completa.
A única verdade da minha vida, é o amor que sinto por ti.
Como já não queres esse amor, e não o podes retribuir, torna-se o único motivo pelo qual eu não devo existir.
A minha vida não tem sentido quando não me queres, quando não te posso ter. Então quando a vida não tem sentido, a morte tem todo o sentido.
Eu só sou Íris Correia, por seres Afonso Mendes.
Mas por favor, quero que saibas que eu não me arrependo nem um segundo por ter sido tua como eu fui, juntos, fomos muito mais do poderíamos ser separados.
Não me arrependo de nenhum segundo que passei ao teu lado. Não me arrependo de nenhum toque, nenhuma carícia.
És tudo para mim Afonso. Sem ti, não poderia viver.
Perdoa-me por ser fraca. Não te sintas culpado, meu amor. Eu amo-te e sempre amarei.
Para sempre e Sempre.
Eu amo-te tanto...
Queria apenas que soubesses disso.
Para sempre tua,
Íris.
Foi a mensagem deixada para mim. Reli as suas palavras um milhão de vezes. Cada sílaba, cada vírgula, gravada na minha mente. Leio cada palavra escrita pela sua mão delicada.
As suas palavras seguem-me para onde vá, sempre presentes na minha mente acompanhando o seu rosto. Sem nenhum descanso. Fui eu que matei Íris, a minha Íris. Todos os momentos juntos que passamos correm pelo meu pensamento, em um auto penitência por não ter sido digno do amor que ela me concedeu e da vida que foi capaz de abrir mão por mim. Ela morreu por mim. Assim como morrerei por ela.
6- O fim
Juntareime a ela satisfeito. Não me sinto capaz de seguir sem ela. É inútil. Ainda estou a respirar, mas em algumas horas não estarei. Irei-me libertar. Caminho para aquilo que deveria ter feito muito antes de conhecer Íris e de a ter condenado á morte. Continuo dando passos arrastados para o dia do nosso futuro reencontro.
Levantei da cama. Peguei nos utensílios e numa boa dose.
Corri para o cemitério. Cada passo que dava, sentia-me livre. Caí na frente da sua sepultura.
- Meu amor… - gemi cheio de dor. – Estarei contigo em alguns minutos… Já, já, já…
Então preparei uma dose que ninguém aguentaria. Girei-a a seringa nas mãos e sorri. Beijei a foto da minha alma.
- Amo-te Iris. Para sempre e sempre.
Então enterrei fundo no meu braço. Começou a fazer efeito. Tirei a seringa e lancei-a longe.
A dor apareceu. Sorri. Não doía quase nada comparado com a dor da ausência de Íris. O meu corpo cai em cima da campa e esperei pela morte, onde finalmente teria o meu próximo reencontro com ela. Onde voltaria a ficar com ela. Para sempre e sempre.
Naquele fatídico dia… Quando Afonso tentou ligar para Íris. Íris ainda pode ouvir a frase que lhe permitira ser encontrada com olhos sonhadores, satisfeitos, felizes e brilhantes.... Como se tivesse acabo de fazer amor com Afonso.
Íris? Estás a ouvir amor? Por favor fala alguma coisa... Vou para a reabilitação. Vamos lutar juntos Íris… Apenas não me deixes… Íris, não acredites em nada do que eu disse! Não acredites, nem por um segundo…Íris, eu amo-te… Amo-te muito mais que a mim mesmo… És tudo para mim…
NÃO USES DROGAS!
Fim
Então?
O que acharam da fic? Era longa, mas não valeria a pena postar capitulo por capitulo pois já estava escrita e já… :P
O final é assim para o triste. Mas é uma maneira de dar uma mensagem.
Não usem drogas. A droga mata e destrói vidas.
A vida nem sempre acaba bem. Nem sempre existe final feliz para sempre. A realidade é mais crua que isso.
Afonso e Íris eram apaixonados e amavam-se de verdade.
Afonso era um viciado e acabou com a vida de ambos. Nunca experimentem essas coisas. Por favor! Não destruam a vossa vida. Não entrem nessas coisas só porque os vossos amigos o fazem, e dizem que é fixe. Nunca experimente. Se fossem amigos, não vos ofereciam.
Afonso e Íris tinham um amor verdadeiro. E o amor verdadeiro nunca vai embora. Nunca passa nem nunca acaba. Tornasse insuportável. Para eles a vida não tinha sentido sem o outro. Afonso não podia continuar sem Íris. Era penoso de mais. Doía de mais.
Procurou juntar-se a ela na morte.
É essa a essência do ser humano.
Espero que comentem. Qualquer coisa, nem que seja um “eu li e não gostei” ou “eu li e até estava bem”. Para saber quem leu. :)
Aqueles que poderem deixar mais umas palavras digam como se sentiram e o que acharam do final.
Quanto á Margarida e Soraya, obvio que as mato se não comentarem! :P Mato nada. Sabem que voz adoro! :P E sei que elas sempre comentam qualquer coisa que escrevo. :P
Beijinhos e já sabem… Coments para mim! :P
É um presente para duas pessoas que se tornaram muito importantes na minha vida. Apesar de não ter o privilégio de as conhecer pessoalmente, já não me imagino sem ter contacto com elas.
Tornaram-se verdadeiras amigas. Talvez confie mais nelas do que em colegas de turma, por exemplo.
Margarida e Soraya.
Esta fic é vossa. Talvez seja uma maneira deficiente de vos mostrar o quanto são importantes para mim. Mas estou a dar algo que é muito importante para mim. A fic foi feita para vocês. Foi feita com todo o carinho que sinto pela escrita e para a amizade que sinto para convosco.
Não seria a mesma coisa sem ti Margarida, nem sem ti Soraya.
Margarida, que pensa que é uma chata, mas que não sabe o quanto fico feliz com as suas palavras. É demasiado difícil explicar o quanto o seu apoio é importante. O quanto a admiro por tudo. Que está sempre pronta a dar uma palavra maravilhosa que nos ajuda a superar.
Soraya, nunca pensei ficar feliz com um atraso de uma encomenda. Se o artigo que ambas encomendamos não demorasse a chegar, nunca que tinha tido o privilégio imenso de a conhecer. Uma pessoa que apesar de não me conhecer pessoalmente se preocupa comigo. Que em dias importantes para mim, manda sms. Que pergunta sempre como estou. E isso não têm preço.
São amigas.
Margarida e Soraya são duas pessoas que espero nunca deixar de ter contacto. Tornaram-se mesmo especiais para mim. Admiro-as imenso. E mesmo que se um dia perder o contacto com elas, deixo aqui a “prova” do quão especiais e importantes são para mim. Acho que cresci com elas. Talvez por serem um pouco mais velhas, fazem-me entender coisas. E isso não têm preço. São parte da minha família do blog.
Não sei mais como dizer que vos adoro, meninas. Espero que gostem da história.
É vossa. Aproveitem! :)
E espero que todos que lerem a história gostem! :)
P.S->Se algum erro passar, desculpem. Às vezes, por mais que leiamos o que escrevemos não encontramos erros, mas eles andam lá… :P
1-Tudo o que começa, acaba.
A chuva caia gelada, sobre aqueles que rodeavam o caixão, onde ela permanecia imóvel. O caixão que selava o corpo gelado dela. Eternamente imóvel. O corpo daquela que eu um dia ousei amar.
Fiquei ali a olhar o seu rosto. O seu rosto suave, e perfeito. Sereno, calmo e… sem vida.
A sua beleza e perfeição não conseguiam ser apagadas nem pela morte. Ela sempre tivera uma beleza perfeita e absurda. Uma beleza inatingível que eu cobicei. A beleza que eu destrui.
Parecia que dormia, num sono tranquilo. Como tantas vezes tinha admirado. Só que desta vez o seu peito não subia e descia calmamente. O seu delicado corpo coberto por um vestido azul celeste que contrastava com a sua pele branca, outrora dourada. Um vestido que a fazia parecer o anjo que sempre fora. O anjo que destrói.
Desta vez eu não poderia acorda-la com beijos. Desta vez, não poderia fazer amor com ela assim que fitasse os seus perfeitos olhos castanhos. Castanhos como chocolate. Os seus olhos brilhantes e felizes.
Não. Desta vez, era a última que mirava a sua perfeição. A ultima que toquei os seus lábios e a sua pele suave. A ultima que cheirava os seus perfumados cabelos cor de mel. A última vez que sentia o seu aroma inebriante tão dela, junto com o perfume do seu champô. Maça. Ela amava maças.
- Abre os olhos meu amor… - implorei centenas de vezes aquela frase, e ela não atendia a minha suplica – Abre os olhos para mim…
Afaguei o seu rosto, com os dedos a tremer. Pela aquela que sabia ser a ultima vez, beijei os seus lábios. Que estavam frios e imóveis.
Debati-me contra os braços das pessoas que me afastavam do seu caixão. Lutei contra enumeras pessoas que me impediam de ser enterrado junto com ela.
Mas eu já estava a ser. Assim que a morte a levou para perto dela, inevitavelmente comprou uma passagem para mim.
Ainda a lutar e gritar para me soltarem vi a terra húmida ser lançada para a cova que eu mesmo abri. Não com as minhas mãos imundas, mas com as minhas acções. Eu nunca deveria tela querido para mim. Nunca a deveria ter tocado. Nunca.
Não percebia porque me achava digno de poder ter a sua presença constante na minha vida. Como ousei sonhar em fazer dela minha mulher. Não existia ninguém bom o suficiente para ela. Quanto mais eu!
E agora, assistia o seu corpo ser enterrado, ali, abaixo da terra. Onde a sua doce existência terminava, onde seria a sua ultima morada.
Não percebia porque não me deixavam ir também.
- SOLTEM-ME! – Debati-me mais forte – IRIS! IRIS! IRIS! NÃO ME DEIXES!
Mas todos ignoravam as minhas súplicas e continuavam a encerrar a sua vida. Avistei os pais dela, abraçados a olhar para mim. Os olhos acossadores, odiosos e raivosos.
Finalmente, alguém que me via como o assassino que era. Já estava farto de palavras mansas a dizerem que não era minha culpa, que fora ela que tomara a sua decisão. Que não me poderia culpar.
Mas eu culpava! A dor era tão grande que a cada contracção do meu coração agora vazio, o meu copo tremia com a dor excruciante. E eu sabia que nunca pararia. Sabia que só doeria mais.
- Eu matei-a! – rugi para os pais dela – Matei-a!
O pai de Íris caminhou até mim, ninguém tentaria impedir um homem poderosos como ele. Até hoje, apenas eu e a filha dele tínhamos lutado contra a sua vontade. E onde isso me levou? Ao enterro do meu pequeno milagre.
- Mataste-a. Sugaste a vida dela. – acusou calmo e ferino – A culpa é tua. Apenas tua. Levas-te a vida dela embora e terás de viver com isso.
- MATE-ME! – Implorei – Acabe com a minha vida, agora! Deixe-me ser enterrado com ela.
O homem riu de mim.
- Não. A tua dor apazigua a minha. Viverás um inferno. Esse será o teu castigo. Viveres uma vida sem ela, assim como nos condenaste a viver.
Virou costas e caminhou até a sua odiosa mulher.
- EU AMAVA-A! – Cai de joelhos, sem forças para lutar mais para conseguir o meu corpo erguido. Sem forças para correr para o lado do meu eterno amor – AMAVA-A! OUVIU?! DARIA TUDO PARA SER EU NAQUELE CAIXÃO!
- Devias ser tu! – rugiu-me tal como um cão. Com saliva a sair da boca – Oh, e eu sei que a amavas. Eu sei. – abriu um sorriso diabólico – E por isso viverás as tormentas do inferno.
- Não, não, não… Não viverei sem ela… - gemi.
Algum tempo depois já todos tinham deixado o cemitério. A última morada de Íris. Eu estava deitado no chão, sentia as pedrinhas nas costas e as gotas frias da chuva na minha pele, a misturarem-se com as lágrimas quentes que inundavam a minha visão.
Arrastei-me até a sua campa, raspava as mãos no chão, fazendo sair sangue. Eu simplesmente queria morrer.
Olhei a sua lápide, que mandei construir, onde uma foto dela surgia. Para todos apreciarem a beleza que eu destruí. O meu crime, ali presente.
Íris Correia
10 de Maio de 1986 – 20 de Novembro de 2010
Amada filha, e venerada namorada
O amor é eterno. Alem da vida, além da morte. Para sempre e sempre.
A última frase, carregada de significado para ela e para mim. A frase que sussurrava vezes sem conta no seu ouvido, enquanto me perdia nas suas delicadas curvas. Enquanto mostrava o quanto o meu corpo a venerava. O quanto era dependente dela.
Deitei-me em cima da campa. Alguns palmos abaixo de mim ela estava a descansar. Chorei desesperado. Desesperado por tê-la perdido.
- Oh meu amor… Oh minha doce Íris… Perdoa-me. Perdoa-me minha princesinha… O pequenina, eu amo-te tanto… IRIS! Porque me deixaste? A culpa é minha… A culpa é minha meu amor… Eu vou ter contigo… Vou mesmo atrás de ti. – sorri sonhador – e aí poderemos ficar juntos para sempre. Nem a morte nos pode separar. Lembras-te? Eu disse-te que amava-te tanto que seria além da vida. Espera por mim. Chegarei já em seguida. Amo-te meu pequeno milagre.
Lentamente ergui-me e como um moribundo arrastei-me até o nosso apartamento. Chorava pelas ruas e gritava de dor. As pessoas olhavam-me e chegavam a afastar-se. Pensavam que tinha enlouquecido. E realmente a dor emouquecera-me. Tinha que parar vezes sem conta para me agarrar a algum poste. A dor impedia-me de caminhar. Impedia-me de respirar.
Cheguei a casa e lancei-me para a cama que partilhava-mos. Agarrei forte os lençóis e berrei desesperado. Arranhei a minha pele imunda do rosto, sentia as lágrimas que jorravam pelos meus olhos. Gritei e rugi para extravasar a dor da perda. A mágoa da culpa. A raiva da vida. Sentia o cheiro dela lá. Ouvia a sua gargalhada, sentia o seu carinho. Enlouquecia a cada segundo. As memórias vinham imparáveis. Destruíam-me cada vez mais, se isso era possível.
Via-me encostado a uma árvore á espera de ver a coisa mais perfeita que os meus olhos já tinham focado. E ela lá aparecia. A rapariga que todos queriam. A linda e perfeita Íris. Claro que não ousava chegar perto dela. Não queria contamina-la com a minha presença. Todos sabiam que era um drogado. Que ia para o jardim para fumar a minha dose, ou para injectar a droga nas minhas veias. Mas ultimamente, simplesmente tornara-se um vício vê-la todos os dias. Não falhava um.
Observava de longe. Contava os minutos, os segundos para a ver.
Era Íris Correia. A linda e inatingível Íris Correia. A rapariga que roubava a minha lucidez, que estava presente em cada pensamento meu.
Era parvo, e estúpido. Também, sem nenhuma lógica. Mas eu apenas era feliz em olha-la.
Ela era perfeita. O tipo de coisa que só pode ser criado uma vez. O tipo de um perfeito trabalho manual dos Deuses. Podia procurar em todos os lugares existentes no mundo, que nada teria a sua beleza nem esplendor.
E eu estava… irremediavelmente apaixonado.
Vi o nosso primeiro beijo. Quando num momento desesperado a vi sair com um rapaz. Ela nunca saia com ninguém e naquele dia o rapaz ia com ela ao parque. E tentou beija-la. Simplesmente não aguentei. Esmurrei-o e apesar de a poder assustar, agarrei-lhe a mão e fugi com ela para o lugar onde sempre a observava. Tomei os seus lábios, perdido na paixão que sentia. Era como se fosse o meu primeiro beijo. Sentia-me tremer, sentia-me a morrer. E ela respondeu e disse baixinho ao meu ouvido “ Gosto de ti Afonso.”
Juro que quase desmaiei. Ela sabia quem era, e mesmo assim… Deus. Não pensei e não pude deixa-la afastar-se. Tudo o que queria era que ela repetisse sempre o “ Gosto de ti”. Ninguém gostava de mim. E logo ela gostava do drogado. Era insano. A perfeita Íris queria-me. A linda rapariga gostava de mim. E logo fiz os seus lábios murmurarem um tímido “Amo-te”.
Tinha 20 anos e ela 18. Era um drogado, mas ela acreditava em mim. Acreditava que ia deixar aquilo. Não percebia quando ia ao encontro dela, por vezes desejava ter uma dose. Mas ela era o meu novo vício. A minha nova heroína. Eu amava-a. Mais do que qualquer coisa. E por isso não podia afastar-me. Sabia que era o melhor para ela, mas cada vez mais me perdia nela. Perdia-me na sua pele, na sua voz, nos seus lábios.
Vi as discussões que tivemos quando ela me apanhava droga na mochila. Vi as vezes que lhe jorrava que nunca mais tocava em nada. Mas o vício era de mais. Estava apanhado por ele. Não me livrava da coca. A primeira vez que a amei como apenas um homem ama uma mulher. A vez em que fiz dela uma mulher. A primeira vez que alguém tocava o corpo perfeito dela. O prazer que proporcionávamos um ao outro. Simplesmente encaixávamos em tudo.
Lembrei-me da conversa que teve comigo, no dia do seu 19 aniversário. Encarou-me e disse que me amava. Mas que não podia continuar. Ou deixava a merda da droga, ou simplesmente ela deixava-me. Internei-me numa clínica e consegui deixar a droga. Porque simplesmente Íris não me podia deixar. Eu sabia que ela deixaria. Vi nos olhos dela.
Ela não iria assistir á minha ruína.
Os país dela tentaram separar-nos, mas não conseguiram. Arranjei um trabalho e deixei de viver ás custas dos meus pais. Comprei um apartamento e mudei-me para lá com Íris.
As imagens dela descalça pela casa assombrava-me. A imagem dela a cozinhar, a sua gargalhada a sua felicidade que destruíra. Vivíamos felizes naquele apartamento á três anos.
E arruinei tudo. A imagem dolorosa de naquela mesma cama, a ter debaixo de mim e ama-la. A ouvir os seus gemidos a sua voz enrouquecida pelo desejo ardente.
Puxei os cabelos. Era demasiado para mim.
2-Desições.
- Amo-te. – Sussurrou a minha Íris e depois caiu no sono. Fiquei a observa-la. O seu peito a subir e descer á medida que o ar entrava nos seus pulmões. O seu coração batia. O som pelo qual eu vivia. Acariciei levemente o rosto dela. Tão levemente como as assas de uma libelinha. A sua pele quente e delicada. Suspirei.
Como amava aquela rapariga. Amava-a desde os meus 20 anos. Agora 5 anos depois, amava-a ainda mais. Íris era perfeita com 18 anos. Com 23, era ainda mais. Cada segundo que passava era mais dependente dela. Mas viciado nela. Na sua voz, no seu corpo, na sua presença.
Íris dormia agarrada a mim, impedia-me de me libertar. Impedia-me que saísse de perto dela. Como aquela frágil miúda pensava que eu deixaria de a amar? Insano. Nem em mil anos eu pararia de ama-la. Pelo contrário. O amor que sentia aumentava a cada segundo, queria rebentar o meu peito repleto daquele sentimento mágico que Íris semeou nele e que era impossível de retirar. Íris. O nome que estava sempre presente no meu pensamento. 24 Horas por dia. O meu sol da meia-noite…
Encostei os meus lábios nos seus quentes e delicados lábios que estavam selados enquanto dormia. Toquei na sua mão esquerda que repousava no meu peito. Senti o anel que lhe ofereci, quando Íris aceitou ser minha esposa. Em breve seria. Sentia-os e eles faziam o meu coração acelerar. Ela sempre tinha a capacidade de fazer-me ficar tonto e que o meu coração batesse descompassado. Fiquei ali, de olhos fechados, a sentir os seus lábios por minutos. Inalando o cheiro que tanto me atraia. Senti o meu pequeno milagre.
Íris ainda a dormir respondia ao meu toque. Senti o seu suspiro e vi os pelos da sua nuca arrepiarem-se. Sorri.
Mas o sorriso morreu nos lábios. Que porra eu andava a fazer?
Não sabia.
O vicio andava ás voltas na minha mente. Uma vez escravo da cocaína, sempre escravo. Nos últimos dias, depois de me terem oferecido e ter recusado por Íris, andava com aquilo ás voltas na cabeça. E comprei o produto. Estava aqui no apartamento, mas ainda não lhe tocara. Sabia que assim que tocasse, não ia mais parar. Sabia isso perfeitamente. Assim como sabia que seria o fim do meu relacionamento com Íris. E isso era atroz.
Não me atreveria a ficar sem ela.
Lentamente acariciei o ombro nu de Íris. Sentia a pele quente e dourada dela. Beijei os cabelos cor de mel, com cheiro de maça. Eu precisava dela.
Beijei o seu ombro, só queria senti-la. Queria estar dentro dela. Não era sexo. Era amor. Queria sentir que ela ainda me amava. Queria-a.
Ela resmungou, e eu sorri. Ela demora a acordar. As minhas carícias tornaram-se mais intensas e ela respondia ainda a dormir. Tinha a pele toda arrepiada. Então abriu rápido os olhos. E sorriu.
- Tu não cansas… - murmurou.
- Nunca. – segurei o perfeito rosto – Eu amo-te Íris. Juro que és tudo para mim.
- Eu sei…
Gargalhei e esmaguei os lábios dela com os meus. E implorei-lhe que disse-se que me amava. Ela riu e disse que só me amava por ser um loiro com olhos azuis. Que se não tivesse músculos nem me ligava nenhuma. Timidamente, pediu-me para que mostrasse como o loiraço dela era capaz de a amar.
- Exactamente assim… - afastei as pernas delicadas dela e penetrei-a.
Ela gemia. Eu gemia. Só queria cada vez mais dela. Venerava o corpo dela. Venerava-a. Não teria prazer com mais ninguém. Os nossos corpos suavam, a minha pele ardia quando tocava a dela. Os nossos corações batiam como um só. Deslizava dentro dela, e tremia com o prazer que sentia. Fazia-a tremer enquanto unia a boca com a dela. Enquanto encostava a testa na dela e as nossas respirações se juntavam, assim como o nosso corpo e as nossas mãos. Ela era minha.
Fiz Íris minha. Minha como nunca foi, nem será de ninguém. Íris fez-me dela como nunca ninguém fez. Amei Íris. Os nossos corpos estiveram o mais próximo possíveis. Entrei nela fazendo-nos completos, num momento que era só nosso. Sentimos prazer sem igual. O prazer e o amor era a única coisa que existia. Era-mos perfeitos um para o outro mesmo assim… Amando-nos…
Aquela noite foi perfeita. Uma que como todas as outras que partilhávamos, por mais anos que viva não ia esquecer um segundo sequer. Cada lembrança dela está marcada a ferro na minha mente. Sei de cor cada poro do corpo de Íris. Cada sabor dela. Perdi a conta de quantas vezes fizemos amor. De quantas vezes nos unimos. Quando Íris começava a dormir depois de atingir o clímax junto comigo, eu não esperava nem 10 minutos, para acorda-la lentamente e então fundir-me nela novamente. Experimentar de tantas maneiras diferentes como podíamos ter prazer um com o outro. Eu não me cansava, nunca de Íris… Parecia que nunca tinha o suficiente dela. Depois de horas perdido no corpo dela, ainda poderia fazê-la minha infinitas vezes, até que nossos corpos se fundissem. Mas ela caiu em cima de mim gargalhando sôfrega, clamando por misericórdia. Implorando para que o seu loiro tivesse clemência por ela.
Abracei com o tacto apurado, tinha-a nos meus braços enquanto ela cansada adormecia. Gravei cada um dos seus poros, respirei fundo no pescoço dela. Senti seu aroma próprio. Fiquei inebriado por ela. Com o meu corpo ainda encaixado no dela, beijei seus cabelos. Ela, tal como eu, adorava dormir comigo dentro dela. Beijei a sua boca, cada pedaço do delicado e perfeito rosto.
Só me apetecia esmaga-la junto de mim. Só a queria para mim. Sorri ao lembrar-me das nossas conversas. Íris dizia que quando tivesse 27 anos teria que lhe dar um filho. Que agora era muito nova e por isso tomava a pílula, mas que iria queria um filho meu. E eu queria dar-lhe isso. Conseguia vê-la de barriga, sempre linda e perfeita, com outro filho nos braços. Eu dar-lhe-ia os filhos que ela quisesse. O negócio que comecei apenas com uma oficina, alargara-se e agora abrira mais 5 para corresponder aos pedidos. Já compramos uma casa enorme para construirmos família. Apenas esperávamos as obras concluírem-se. Eu dar-lhe-ia tudo. Lembro-me que fiquei um pouco enciumado quando ela disse que queria filhos. Não conseguia pensar que ela iria amar mais eles do que a mim. Queria-a só para mim. Mas ainda tínhamos mais anos sem bebés chorosos. E ela prometera que nunca conseguiria amar mais alguém do que a mim. Contentei-me porque ter uma miniatura de Íris, seria lindo.
Mas então os pensamentos sombrios voltavam. Voltavam com toda a força. Tremi com medo.
E falhei. A decisão já estava tomada.
Deixei-a dormir e sentindo uma dor cada vez mais forte. Senti que a traia, mas eu tinha que o fazer.
Levantei-me da cama, com cuidado para não a acordar. Beijei a sua pele com devoção. Ela tinha um sorriso nos lábios que me fazia ficar mais apaixonado e mais cheio de remorso. Mas era forte de mais.
Vesti uns boxers e sai do nosso quarto. Tremia com a vontade de sentir aquilo novamente. A euforia do vício.
Peguei nas coisas, fui á cozinha buscar um isqueiro e levei-as para a casa de banho. Com cuidado para não fazer barulho encostei a porta. Mas sabia que Íris nunca iria acordar. Estava cansada e tinha o sono pesado. Poderia rebentar uma bomba que ela não se levantaria da cama.
Encostei-me ao mármore da banheira e espalhei as coisas á minha volta. As coisas de drogados. E eu estava a deixar de ser um ex-viciado para entrar novamente naquilo.
Era de mais. Apesar de ter a minha mulher na cama, de a minha vida ser ela, de saber que caminha para a destruição de tudo o que conquistara, não pode evitar.
Fitei a agulha preparada. Tive o cuidado de preparar uma dose pequena, porque os viciados que deixam e depois voltam, assim que experimentam têm uma overdose. Tudo porque começam com dose que pararam. E não poderia ser assim, o meu corpo entraria logo em clopso. Tinha que baixar a dose.
Toquei na agulha. E perguntei aquilo que me ia na alma.
- Realmente queres isto Afonso?
Tive uma luta interior. Vi Íris e vi a droga. Obviamente que eu queria Íris. Mas um drogado não tem escolha. Já fizera coisas para ter uma dose, que nunca imaginei fazer. Coisas que não tinha sido educado para fazer, tudo porque vivia só pela próxima dose. Agora vivia por íris, mas…
- Bem-vindo novamente ao mundo da droga Afonso. – murmurei.
Assim que a droga entrou no meu organismo, senti uma espécie de manto quente cobrir-me. O mundo era cheio de felicidade. Estava completamente ausente, perdido na droga.
Ouvi barulho mas não atinei para nada.
3- Apanhado.
- Afonso? – era Íris. Tive medo. Ela estava acordada e andava pela casa.
Mas não atinava a esconder-me.
Então ela abriu a porta, enrolada num robe. Viu-me sentado no chão, com as merdas á minha volta. Viu-me drogado. E ela nunca me vira drogado. Nunca!
A dor, o choque, a desilusão que vi no seu olhar… Nunca esquecerei. Ela derramou lágrimas e apenas murmurou um “Porquê?”.
Então quando não lhe respondi uma onda de fúria invadiu-a. A íris sempre calma, tí9mida e brincalhona mudou e ficou furiosa como nunca a vi. Gritava que era um filho da puta de um drogado. Ela nunca me tinha chamado drogado. Sempre que eu utilizava esse nome, ela impedia-me. E agora fazia-o. Sabia que tinha acabado. Ali perdera a minha vida.
Ela agachou-se perto de mim, segurou o meu rosto, olhou-me com nojo e ódio. Repetiu a pergunta.
Ao não obter resposta deu-me uma estalada que fez a minha cara girar. Levei os dedos à bochecha dolorida e via atirar com o isqueiro, colher para cima de mim. Pegou num saco de pó e com um rasgão verteu tudo na sanita.
Tentei impedi-la. E ela olhou-me com dor.
- Agora reages não é? – lágrimas escorriam do seu rosto – Que fizeste connosco, Afonso?
Não conseguia pedir desculpa. Não podia. Sabia que ela não desculparia.
- Acabou. – arrancou o anel do dedo e atirou-mo á cara.
Aquela simples palavra teve a força de me fazer cair no chão. Ela saiu e bateu com a porta da casa de banho. Fiquei lá a chorar. A ver a merda que tinha feito. Ela não me perdoaria. Sabia que assim que me metesse naquilo novamente e ela soubesse, acabaria tudo. Vi a minha vida ir pelo cano abaixo. Vi o meu milagre tornar-se no meu inferno.
Passaram horas e estava a amanhecer. Tomei banho, para afastar a dor. Sem resultado, embrulhei-me numa toalha e fui para o nosso quarto.
Íris estava lá, sentada na cama com pernas à chinês, enroscada no robe. Tinhas os olhos vermelhos e inchados. Eu fizera-lhe aquilo. Eu magoei-a mais que tudo.
Não consegui olhar os seus lindos olhos castanhos. Simplesmente coloquei o anel perto das suas pernas. Era dela. Abri a porta do armário e comecei a vestir-me.
- Não tens nada para me dizer, Afonso?
Olhei-a. Neguei com um gesto de cabeça. Não poderia pedir desculpa.
Vesti uma t-shirt, e sentei-me na cama para me calçar. Não poderia chorar na frente dela.
- Escolhes-te a droga Afonso… Porquê? Não te fazia feliz?
- Nunca fui tão feliz em toda a minha vida Íris. Sabes perfeitamente o quanto tentei.
- Não tentas-te com força suficiente. – disse cheia de dor.
- Não tinha mais força. – dei de ombros, supostamente indiferente.
Tinha que a deixar. Não a ia destruir. Ia afundar-me a mim mesmo, mas não a levaria comigo. Íris não me veria na merda. Acabara ali. Em primeiro lugar, nunca que devia ter entrado na vida dela. Agora os seus olhos vermelhos e inchados estavam repletos de dor. Repletos de uma dor que eu provocará. Eu nunca quis magoa-la. Não podia ficar perto dela quando sabia que iria magoa-la. A decisão estava tomada e nada me mudaria as ideias. Ela merecia tão mais.
- Afonso… Olha para mim… - fitei os seus olhos atormentados – Quando voltas-te a injectar?
- Aquela foi a primeira vez em anos. Juro. – não queria que ela pensasse que a andava a enganar durante aqueles anos que vivemos juntos.
Ela olhou-me cheia de tristeza.
- Mesmo depois de nos termos amado… Oh Afonso! Porque nos fizeste isto?
Não tinha resposta.
- O meu amor não era suficiente? Afonso! Deite tudo o que podia! Fui contra a minha família, os meus amigos… Que mais te poderia dar? Entreguei-me de corpo e alma a ti! Dei-te a minha vida, e olha o que fizeste com ela. – ela não gritava. Murmurava atormentada. E eu sabia que aquilo tudo era verdade.
Não tomei conta dela como devia. Ela era um tesouro que me foi dado. E eu saqueei o meu próprio tesouro.
- Vou fazer-te um pergunta Afonso. – olhou-me nos olhos – Queres entrenar-te novamente?
- Não. – respondi. Eu até poderia conseguir deixar de vez, embora fosse muito difícil. Todos sabem que entrando nesta vida, compramos uma passagem só de ida. A luta seria constante. Eu poderia lotar por ela. Mas e ela? Ia mais uma vez andar a fazer visitas ao centro?
Eu sabia que ela nunca tivera vergonha de mim. Sabia que ela me amava e fazia todo por mim. Assim como eu fazia todo por ela. E neste momento o amor que sentia por ela era tão grande, que simplesmente tinha que pensar nela e não em mim.
Claro que eu queria ajoelhar-me perante ela. Implorar o seu perdão. Eventualmente ela perdoaria. Iria para uma clínica. Ela iria ver a família dela mais uma vez clítica-la. Os amigos mais uma vez olha-la com reprovação. Eu cncegui deixar a primeira vez. Mostrar a todos que daria muito a Íris. Eu construíra um império, tornei-me rico com muito trabalho, só por ela. E por ela é que eu a estava a deixar.
- Mas… Eu Amo-te Afonso… Tenta, por favor! – levantou-se e abraçou-me – Vamos mais uma vez lutar. Fomos tão felizes estes anos. Oh Afonso! Só recais-te hoje, vais ver que conseguimos!
- Não. – afastei-a de mim, com as ideias já na cabeça – Não dá mais Íris. Antes amava-te. Agora não.
Ela acreditou. Enquanto atirava umas roupas á presa para uma mala, ela chorava. E eu morria aos poucos.
Só por ela. Eu tinha que ser forte. Por ela. Ela merecia muito mais. Muito mais que um filho da puta de um drogado.
4 - Partida
- Tens mesmo que ir? – chorava e tentava segurar o seu corpo com os meus braços. Tentava impedir de se quebrar em mil pedaços, tal a dor que sentia.
- Sabes que sim Íris. – respondeu duro Afonso, enquanto me dava um beijo frio na testa e puxava a alça da mochila para o ombro. Ele levava as suas roupas naquela mochila. E ia sair de casa.
Virou-me as costas rápido, tentava evitar ver as lágrimas cheias de dor que escorriam pelas minhas pálpebras.
- É a última vez que nos vemos Afonso? Depois do que passamos durante tanto tempo…
- Eu simplesmente não te quero mais. Estou farto de ti Íris.
Inutilmente agarrei-me a ele. Tentei prende-lo pela camisa. Tentei impedir o meu amor de partir, mesmo sabendo perfeitamente que ele era infinitamente mais forte, mesmo com a noção que ele já não me queria, que não me amava mais… Apenas não podia deixa-lo partir. Para longe de mim. Para a destruição. Não podia deixar Afonso entrar de vez no mundo da droga.
- Por favor... Fica Afonso! Por Deus, fica!
Simplesmente não aguentei mais. As pernas falharam e caí de joelhos no chão. Não podia deixar o seu amor ir embora. A vida acabaria. Sabia que assim que Afonso sai-se por aquela porta, nunca mais o ia ver. Nunca mais. Talvez um dia o visse no noticiário como mais um caso de overdose.
- Chega Íris...Chega... Não te quero mais. – desprendeu as minhas mãos com força – Já estou farto de ti! – rugia – Não vês que não te suporto mais? Foda-se! Não aguento olhar mais na tua cara! Percebes isso? Entende isto de uma vez por todas, caralho!
Solucei e assenti. O meu peito ardia e compassava pela dor sufocante, que me fazia engasgar. O meu amor não parecia o mesmo. Nunca tinha sido bruto comigo. E agora agarrava forte o meu rosto e olhava-me com os olhos azuis a faiscarem de raiva. Por mim? Que raio fizera, além de o amar?
- Pára com isto!
- Afonso, estás a magoar-me… - imediatamente ele soltou-me – Nunca foste bruto comigo…
Simplesmente beijou-me desesperado. Era o último beijo. Era uma despedida. Apesar de puxar os seus cabelos loiros para o impedir de me abandonar, ele tirou as minhas mãos e saiu de casa. Bateu a porta com força e foi-se. Para sempre.
Deixou-me ali caída no chão da sala. Só me conseguia lembra das vezes que juráramos amor eterno um ao outro. Como raio acabamos ali? Porque ele tinha que cair no vício novamente? Um amor como o nosso não podia acabar assim. Era insano. Parecia que me tinham amputado, como se tivesse sido atropelada por um camião, como se me arrancassem os olhos, como se me afogasse em ácido sulfúrico. Tudo isso com mais uma dor dez vezes pior a cortar-me o peito, a rasgar o meu coração. Afonso foi-se embora. Afonso não me queria. Afonso não voltaria. Nunca mais veria Afonso. Afonso voltou para a droga.
Tudo isso girava na minha mente. Tudo isso fazia-me viver um pesadelo terrível. Tudo isso matava-me lentamente. Tudo isso, fazia-me morrer.
Só havia uma coisa a fazer. Não tinha Afonso, não tinha nada. Nada valia a pena sem ele. E eu sabia que ele não voltaria nunca mais. Vi nos olhos dele. Arrastei-me para a casa de banho. As merdas que Afonso utilizou ainda estavam ali. Só me lembrava de todos os momentos bons que passamos. De quantas vezes nos amamos naquela banheira. E lembrei-me da dor de o ver encostado ali. A drogar-se. Senti o gosto amargo de bílis na boca, chorava tão copiosamente que me sentia tonta. Desesperada debrucei-me sobre o vaso sanitário e despachei tudo o que tinha no estômago, que não era muito. Estava histérica. Sentia-me enjoada. O meu peito dava solavancos a procura de ar onde só havia dor. Parecia que os pulmões não funcionavam. Engasgava-me no choro. Limpei a boca e tentei levantar-me. Lavei os dentes e o rosto. Enquanto secava a minha pele, só pensava no plano que se formava na minha mente.
Enquanto me arrastava para a sala novamente, imagens assaltavam-me os pensamentos. Imagens doces e maravilhosas. Que arranhavam o meu coração mutilado.
Flashback
- O amor é eterno. Alem da vida, além da morte. Para sempre e sempre. – sussurrou nos meus lábios enquanto lábia um pouco de gelado no canto da minha boca.
***
- Não vais amar um miúdo mais do que a mim, certo? – o lindo rosto de Afonso estava assustado – Diz que me amas da mesma forma que eu te amo!
***
Quando, ele saiu da clínica e me convidou para viver-mos juntos. A felicidade nos seus olhos. A felicidade de podermos viver o nosso amor sem o fantasma da droga. A felicidade de viver-mos apenas um para o outro.
***
-Quero que sejas a minha mulher.
-Afonso…
Afonso ajoelhou-se aos pés, olhando-me intensamente. Fez o pedido. Apesar de vivermos juntos á dois anos, ele sempre quisera ser casado legalmente. E nunca imaginei que ia fazer-me o pedido, completamente nu. Depois de nos amarmos, numa praia deserta.
- Íris Correia. Prometo amar-te para sempre, todos os dias da minha vida. Aceitas casar comigo? Aceitas viver comigo durante décadas?
Os meus lábios tremeram e lágrimas caíram dos meus olhos.
- Sim.
Afonso levantou-se e sorriu-me. Um sorriso iluminado e genuíno. O azul dos seus olhos ficou rejubilante de alegria. De paixão. Depois tomou-me num abraço forte e fizemos novamente amor naquela praia. Afonso seria meu marido. Meu.
***
A noite passada… Enquanto os nossos corpos se amavam. Ser acordada com as carícias dele…
Fim do Flashback
- Ele foi mesmo embora? – não sabia que aqueles gemidos quase inaudíveis saiam da minha boca.
Aquilo só podia ser um pesadelo. Sim era. Tinha tudo para ser o meu maior pesadelo: Afonso voltara para a droga, destruía a vida dele e a minha. Foi embora sem olhar para trás.
Sim. Era o meu maior pesadelo.
Mesmo depois de ter implorado. Depois de me ter entregue a ele de corpo e alma. Depois de tudo! Depois de tantas barreiras que superámos, tantas provas… Como acabava assim? Que espécie de história de amor terminava de maneira tão sórdida? Tínhamos comprado uma casa, a vida profissional de Afonso estava em alta, tínhamos um relacionamento tão feliz…
Sentia-se morta. O seu amor abandonou-me quando mais que tudo eu amava-o. Estava disposta a perdoa-lo e ele simplesmente já não me amava. Venderia a minha alma ao diavo por ele. Cortei laços com a minha arrogante família. Deixei de falar com conhecidos e todos aqueles que significavam algo para mim. Tudo por ele. E não estava arrependida, pois Afonso vencera e éramos felizes. Simplesmente nos os dois. Íris e Afonso. Afonso. O meu primeiro e único amor. O meu eterno amor.
Tentei novamente. Uma última tentativa. Se não resultasse, sabia o que tinha que fazer. Apanhei o telemóvel que estava no sofá da sala. A lembrança dolorosa que estava lá de forma descuidada porque Afonso tinha pegado em mim ao colo enquanto falava com um colega da loja de roupa que Afonso abrira para mim. Afonso com ciúmes tirou-me o telemóvel da mão e atirou-o para o sofá. Pegou em mim ao colo e arrastou-me para o quarto. Entre gemidos tinha-me mostrado que o meu corpo só responderia ao dele.
Marquei o número dele. Ele tinha que atender. Tentei e tentei. Mas era inútil.
Ele já não me amava.
Alguém poderia fazer a dor parar? Tinha alguém a espetar-me uma faca no peito. Uma e outra vez. Os soluços que saiam da minha boca faziam os pulmões doerem. A visão estava turva. Procurava oxigénio mas era impossível respirar com aquela dor.
A minha vida resumia-se a nada. Tudo era Afonso. Agora, não tinha nada. A vida não tem sentido, quando perdemos o nosso verdadeiro amor. O plano já estava traçado.
Peguei no bloco de folhas que estava na sala, e escrevi. Pensei que teria muitos anos para dizer-lhe tantas coisas… Mas não. Sabia que Afonso leria as minhas palavras. Embora não me amace, saberia a verdade. Comecei a escrever tudo que ia no meu coração. Escrevi umas palavras para os meus pais, que apesar de tudo os amava. Disse-lhes que seria sempre a filha deles, apesar de não me terem apoiado, á muito que os tinha perdoado.
Transmitia para o papel, umas últimas sílaba. Palavras carregadas de amor para aquele que tinha toda a importância nos meus últimos minutos.
Assim que terminei essa parte do plano, sentei-me no sofá e apenas… Chorei. Não acreditei que tinha mais lágrimas. Mas parecia que nunca acabam. Pois a dor da perda de Afonso era demasiada. Lágrimas furiosas que escorriam pelos meus olhos, a tentar limpar a alma daquele tormento.
Levantei-me e limpei o rosto. As lágrimas terminaram. Hora de seguir em frente. Abri gavetas dos armários á procura de medicamentos. Mas então vi. Aquilo era de Afonso. Um saco com erva, um saco com pó branco e sacos com pastilhas. Porque ele comprara tantas coisas? Aquilo seria a morte dele.
Seria a minha morte.
Afonso achava-se um monstro mas eu só via nele o ser mais lindo do mundo. Não só pelo seu rosto ou corpo. Afonso lutava constantemente contra o vício. Quando ele me beijou a primeira vez. Eu voei por minutos. Sempre via aquele rapaz lindo no parque. Sempre lá. Nunca que pensei que estava lá por mim, mas sim porque estava lá para arranjar produto. Ia lá todos os dias só para o ver. Então um dia ele beijou-me. E admiti gostar dele.
Uma semana depois ele dissera “ Devias afastar-te de mim Íris. Sou um drogado. Só te vou fazer mal”. Afonso pensava que iria fugir dele, pois chegou a acreditar que ao contrário de toda a gente, ignorava o facto de ele ser viciado. Mal Afonso sabia que com essa frase tinha conquistado o meu coração, a minha alma e o corpo para toda a eternidade. Admitiu-me e eu admiti que o amava. E ele furou-me amar-me para sempre. Amava-me mais por ter visto nele não um drogado, mas um homem.
Olhei a saca com pastilhas. Estava ali a solução para a dor. Acabaria a dor. Sentei-me no chão e abri a saca. Pastilhas saltavam e dançaram na minha frente. Parecia um dia frio. Parecia o dia em que vi Afonso pela primeira vez.
Flashback
Viu a caminhar no parque com as mãos nos bolsos e a fumar um cigarro “estranho”. Estava um frio do pior, e eu encolhia-me no casaco enquanto a miniatura do cão da minha mãe fazia as necessidades dele no jardim. Estava chateada por ter que ser eu a levar aquele cão maricas a passear. Então tudo parou quando vi aquele rapaz lindo, e assim que os olhos azuis dele fitaram os meus corei. Sorri. Afonso tinha engasgado com o fumo e o “cigarro” tinha caído na roupa dele. Apresado sacudiu-se para não se queimar. Pisou aquilo que aprendi ser um charro, e embaraçado sorriu-me.
- Olá. – disse – Tudo bem?
- Sim. – sorri de volta.
- Estás á espera também? – perguntou meio desconfiado.
- Estou. – olhei para o estúpido cão. Ele nunca mais se despachava. Estaria mal dos intestinos?
- Afonso. – Apresentou-se.
- Íris. – sorri-lhe meia tímida.
- Bonito nome. – sorriu também - Nunca te vi por aqui.
- Praticamente venho cá todas as manhas. – não conseguia olha-lo – Prefiro vir de manha. Á tarde não gosto. – tinha mais o que fazer do que passear o animal de tarde. O cão até podia parecer inofensivo, mas não era.
- Eu cá prefiro de tarde. – deu de ombros – Mas o Raul hoje só dava de manha. – deu novamente de ombros.
Disfarçadamente procurei pelo cão dele. Não o vi. Provavelmente tinha fugido enquanto ele falava comigo.
Ele soprava para as mãos para as aquecer e riu enquanto olhava o meu nariz.
- Tens o nariz vermelho.
- Oh – corei e ele riu divertido.
- Há quantos anos? – perguntou enquanto olhava para as árvores.
- Quantos anos? – perguntei sem entender.
- Tu sabes… Vens cá…
- Ah! – pensei. O cão tinha uns 3 anos mais ou menos – Acho que uns 3 anos… - A conversa era estranha. – E tu?
- 5. Desde os 15. Com quantos começas-te?
- Com 15 também. Estou com 18. Tens 20, certo?
- Sim. 15 É uma idade complicada. Metemo-nos nessas coisas…
- Pois…
- Já tentas-te deixar? Eu não consigo. – disse enquanto me olhava. O vento empurrou o meu cabelo para a frente do rosto e ele meio reticente colocou-o de volta atrás da orelha – Então, tentas-te deixar?
- Claro! – disse divertida. Quem não tentaria deixar de passear aquele cão? – Mas a minha mãe não deixa. Sabes obriga-me. E o meu pai também. Por mim já tinha parado. – disse séria – Sabes como são os pais. – dei de ombros.
- O quê? - olhou-me chocado – Miúda, tens que sair de casa! Consigo arranjar-te casa se quiseres. Se consegues deixar, eu ajudo-te na boa!
- O quê? - Ele estava a gozar comigo? – Sair de casa só porque os meus pais obrigam-me a passear o cão? – olhei-o sem entender.
Ele olhou-me estranho. Abriu a boca surpreso e depois olhou o cão. Estava chocado. Não percebia nada. Esfregou o rosto e olhou-me meio envergonhado.
- Eu acho que é melhor sair do teu lado…
- Porquê? Vais procurar o teu cão?
- Algo assim… - sorriu e despenteou o cabelo já desalinhado.
- Afonso! – chamou um rapaz. Quando olhei o rapaz que chamava fiquei um tanto assustada. Vestia-se como um marginal.
- Fica bem. Íris. – sorriu e deu-me costas.
- Ei! – segurei o seu braço – Não vais ter com aquele, pois não? – Perguntei assustada – Pode fazer-te mal!
Ele sorriu meio triste e piscando o olho, caminhou para o tal rapaz. Vi Afonso dar dinheiro ao tal Raul e em troca receber um saco. Não vi o que era, mas percebi que aquele lindo rapaz estava a comprar droga. Com um sorriso triste, Afonso passou por mim e foi para traz de umas árvores.
Então ele era dependente daquelas substâncias. Prendi rápido a coleira naquela miniatura estúpida de cão, e puxei-o depressa para casa.
Fim do Flashback
Voltei a olhar a pastilhas. Seria que tinha sido o Raul o antigo “fornecedor” de Afonso a vender-lhe mais? Não importava. Estavam ali apenas para o papel final.
Engoli uma. E outra. E mais outra. Assim o seu corpo já não doeria mais a cada batida do coração. Coração que pulsava o seu sangue por todo o seu corpo e fazia-me sentir a morrer. Mas o meu corpo estava morto assim que Afonso me deixou. Assim que ele cruzou aquela porta, estava condenada. Condenada pelo amor enlouquecedor que sentia por ele.
5 – Tempo
Atirei a mochila para dentro do carro veloz. Liguei-o enquanto lágrimas caiam pelo meu rosto. Arranquei a toda a velocidade. Sentia-me o pior dos animais, o mais insensível dos homens, sentia-me a pessoa nojenta que era. Tudo piorava com os telefonemas dela. Não tinha coragem para atender. Assim que a ouvisse pedir-me novamente para voltar, perderia a coragem e voltaria. E tudo iria começar. Aquele círculo sem fim. Eu precisava de fazer isto. Por Íris. Por mim o que eu mais queria era estar com ela, nada mais para me sentir completo. Mas Íris merecia muito mais do que aquilo que algum dia eu lhe poderia dar.
Merecia viver sem o medo de eu voltar a consumir. Merecia viver sem aqueles pesadelos que eu sei que ela teria a partir de agora. Depois que voltei da reabilitação e vivemos juntos, ela tinha pesadelos. Saia que era comigo a voltar a consumir. Ela apesar de me dizer que confiava em mim – e confiava, apesar de eu não merecer – vivia com medo de eu voltar para aquilo. Esse medo tinha sido adormecido, mas agora voltara.
Não queria que ela vivesse a pensar se eu estaria sobre o efeito de drogas ou a pensar em consumir. Ela não merecia ter um marido toxicodependente. Não merecia que o pai dos futuros filhos dela fosse a porra de um filho da puta de um drogado. Não merecia viver ao lado de um homem como eu.
Merecia era alguém intrigo e não uma escumalha.
Liguei a aparelhagem do carro em altos berros. Conduzi sem saber para onde, porque não tinha destino. O meu lugar era ao lado de Íris. A minha casa, o meu lar era onde ela estava. Simplesmente tinha que fugir dela. Por ela, apenas por ela.
Queria fugir do som do telemóvel a tocar, não ver o nome dela a piscar no visor do telemóvel. Entrei na auto-estrada, porá sair logo daquela porra de cidade. Só queria fugir. Desaparecer de tudo o que me lembrava dela.
O pior é que eu ainda podia sentir seu perfume dentro do carro, impregnado nas minhas roupas, na minha pele.
O nevoeiro dificultava a visão. Mas se tivesse um acidente e morresse seria bom até. Pararia de doer. O meu ser ficava vazio de significado a cada quilómetro que percorria. A cada metro em que minha existência medíocre afastava-se da mulher que amava. Da pessoa que para mim era brilhante e eu deixava para trás. Deixei a chorar e a sofrer naquele apartamento vazio e cheio de lembranças nossas. Deixei-a porque estava só a pensarem na minha atitude estúpida de a proteger. Porra. Deveria ter lutado por Íris, eu deveria ter feito tudo que estivesse no meu poder para a merecer, deveria tê-la feito feliz cada segundo da sua existência. Deveria tê-la abraçado quando ela disse que me amava. Deveria tê-la levado para a cama e fundir-me novamente nela. E deveria ter-me internado novamente.
Agora eu daria tudo para poder voltar atrás no tempo. Desprezo-me. Desprezo a minha existência mais do que o facto de continuar a respirar enquanto o seu corpo encontra-se vazio e sepultado.
Após de tantas merdas, eu encontrei-a. Íris mostrou-me a beleza da esperança. Por mais absurdo que seja, por mais que ninguém acredite, eu amo-a. A minha linda princesa. A minha Íris.
Não pensei. Simplesmente fiz uma manobra arriscada e dei a volta. Em plena auto-estrada, conduzia ao contrário. Aquilo tinha atingido o nível do insuportável. Chega. Acelerei e levei o carro á potência máxima. 180… 190… 200…
Não sei quem eu pensava que era para acreditar que seria capaz de viver sem Íris. Pelo menos eu tinha tentado.
Ou tinha sido estúpido o suficiente para isso.
Estava a habilitar-me a morrer, pois os carros surgiam e não sabia bem como, manobrava-os enquanto apitavam. Ligavam para a polícia das cabines das portagens. Não queria saber. Assim que possível saí da auto-estrada.
Tentei ligar para ela, pois ela já desistira de ligar para mim. O meu amor deveria estar a chorar por minha causa. Desisti do telemóvel e pisei ainda mais fundo no acelerador e forcei o carro a dar o máximo. Ignorei semáforos, não parei em stops. E foi uma sorte ninguém ter aparecido numa passadeira. Não queria saber de multas, não queria saber se ia preso. Simplesmente tinha que dizer a Íris que iria tentar mudar. Que a amava. Estava prestes a pagar um preço muito mais alto do que qualquer pena que os tribunais pudessem decretar.
Saltei do carro gritando seu nome. Subi as escadas do prédio ignorando completamente as velhinhas que me olhavam como se fosse louco. Não havia tempo para chamar o elevador. Só queria abraçar Íris. Só queria implorar-lhe perdão.
Ela já deveria ter ouvido os meus gritos. Naquela rua todos deveria ter ouvido. Encontrei apenas o silêncio como resposta, mas Íris estava lá dentro, eu rezava para que estivesse. Ela não podia ter fugido. Eu iria procura-la no fim do mundo. Onde ela estivesse, seria o meu lugar.
Ao lado dela, sempre ao lado dela.
Ela não respondia, e era merecida a agonia que ela me fazia passar. Um castigo até a encontrar. Provavelmente me daria uma estalada na cara quando lhe aparecesse á frente. Poderia dar as que quisesse, logo que depois me beijasse. Pontapeei a porta que se partiu em mil pedaços, disparei pela casa dentro. Corri para o quarto e encontrei apenas ar parado e estranhamente silencioso. Oco de vida. Ela não estaria em casa?
Corri para o armário e abri. Não. Ela não tinha abandonado a casa.
Aquela casa que não parecia habitada. Um medo irracional começou a correr-me pelas veias. O coração disparava e ela não respondia quando a chamava baixinho.
Entrei na sala e vi o telemóvel caído próximo ao sofá. Abaixei-me e olhei o visor. A foto nossa que tanto estava no meu telemóvel como no dela, era o fundo. O meu número era o último número marcado.
Enquanto fitava o telemóvel os meus olhos foram atraídos para o chão. Ecstasy estava espalhado pelo chão. Só poderia ter encontrado aquela porcaria.
Sussurrei o seu nome com um pressentimento hediondo a tomar conta de mim. Massajei o peito, pois doía-me. Um pressentimento mau que fez a minha pele gelar.
Tentei afastar a ideia maligna da minha cabeça inutilmente.
E então a visão tornou-se real.
Meu pior pesadelo acontecia bem na minha frente.
Íris caída no chão da sala, sem parecer respirar. O corpo enroscado no robe, ecstasy á sua volta.
Uma leve espuma saia dos seus lábios.
Berrei aterrado o seu nome. Ajoelhei-me ao seu lado e sacudi o corpo sem vida. Implorei para que movesse os olhos que pareciam petrificados em uma última expressão.
Os olhos castanhos, pareciam felizes. Sem a dor que tinham ao abandona-la. Poderia ser a minha culpa e imaginação a desejar que ela fosse feliz no seu último momento. Ou tinha sido a felicidade de uma dose. Os seus olhos pareciam sonhadores, felizes, satisfeitos e brilhantes. Pareciam os olhos que me fitavam depois de fazer-mos amor.
A abracei o corpo perfeito dela. Que segundo após segundo, perdia temperatura. Beijei a boca dela. Não me importava com o veneno. Queria era mesmo morrer com ela. O veneno não me mataria. Mas matara-a a ela.
A minha Íris estava morta, inerte nos meus braços. E eu era o único culpado.
Vi dois envelopes na sua mão. Peguei nos envelopes lentamente. Um era destinado a seus pais e o outro envelope tinha o meu nome. Tremi. Íris tinha algumas palavras para me dizer. Palavras que eu queria ouvir dos seus lábios, mas não podia. Dos seus lábios, jamais som algum sairia.
Vizinhos do prédio chegaram, assustados pelos meus gritos, urros e rosnados. Assustados pelas minhas implorações de Íris voltar, os meus pedidos tardios de perdão. A minha histeria e desespero.
Levaram-na. Não conseguia mover-me do chão apenas olhava a carta que Íris me deixara. Íris que estava a ser carregada por dois homens vizinhos seus. Levavam-na para longe de mim. O castigo pela minha infama sem precedentes.
Eu amo-te
Eu sempre soube que acabaríamos tragicamente.
Apesar das decisões que tomei, que me levaram para longe da minha família, eu não me arrependo. Porque elas me levaram até ti, Afonso. Ao teu lado eu sentia-me…completa.
A única verdade da minha vida, é o amor que sinto por ti.
Como já não queres esse amor, e não o podes retribuir, torna-se o único motivo pelo qual eu não devo existir.
A minha vida não tem sentido quando não me queres, quando não te posso ter. Então quando a vida não tem sentido, a morte tem todo o sentido.
Eu só sou Íris Correia, por seres Afonso Mendes.
Mas por favor, quero que saibas que eu não me arrependo nem um segundo por ter sido tua como eu fui, juntos, fomos muito mais do poderíamos ser separados.
Não me arrependo de nenhum segundo que passei ao teu lado. Não me arrependo de nenhum toque, nenhuma carícia.
És tudo para mim Afonso. Sem ti, não poderia viver.
Perdoa-me por ser fraca. Não te sintas culpado, meu amor. Eu amo-te e sempre amarei.
Para sempre e Sempre.
Eu amo-te tanto...
Queria apenas que soubesses disso.
Para sempre tua,
Íris.
Foi a mensagem deixada para mim. Reli as suas palavras um milhão de vezes. Cada sílaba, cada vírgula, gravada na minha mente. Leio cada palavra escrita pela sua mão delicada.
As suas palavras seguem-me para onde vá, sempre presentes na minha mente acompanhando o seu rosto. Sem nenhum descanso. Fui eu que matei Íris, a minha Íris. Todos os momentos juntos que passamos correm pelo meu pensamento, em um auto penitência por não ter sido digno do amor que ela me concedeu e da vida que foi capaz de abrir mão por mim. Ela morreu por mim. Assim como morrerei por ela.
6- O fim
Juntareime a ela satisfeito. Não me sinto capaz de seguir sem ela. É inútil. Ainda estou a respirar, mas em algumas horas não estarei. Irei-me libertar. Caminho para aquilo que deveria ter feito muito antes de conhecer Íris e de a ter condenado á morte. Continuo dando passos arrastados para o dia do nosso futuro reencontro.
Levantei da cama. Peguei nos utensílios e numa boa dose.
Corri para o cemitério. Cada passo que dava, sentia-me livre. Caí na frente da sua sepultura.
- Meu amor… - gemi cheio de dor. – Estarei contigo em alguns minutos… Já, já, já…
Então preparei uma dose que ninguém aguentaria. Girei-a a seringa nas mãos e sorri. Beijei a foto da minha alma.
- Amo-te Iris. Para sempre e sempre.
Então enterrei fundo no meu braço. Começou a fazer efeito. Tirei a seringa e lancei-a longe.
A dor apareceu. Sorri. Não doía quase nada comparado com a dor da ausência de Íris. O meu corpo cai em cima da campa e esperei pela morte, onde finalmente teria o meu próximo reencontro com ela. Onde voltaria a ficar com ela. Para sempre e sempre.
Naquele fatídico dia… Quando Afonso tentou ligar para Íris. Íris ainda pode ouvir a frase que lhe permitira ser encontrada com olhos sonhadores, satisfeitos, felizes e brilhantes.... Como se tivesse acabo de fazer amor com Afonso.
Íris? Estás a ouvir amor? Por favor fala alguma coisa... Vou para a reabilitação. Vamos lutar juntos Íris… Apenas não me deixes… Íris, não acredites em nada do que eu disse! Não acredites, nem por um segundo…Íris, eu amo-te… Amo-te muito mais que a mim mesmo… És tudo para mim…
NÃO USES DROGAS!
Fim
Então?
O que acharam da fic? Era longa, mas não valeria a pena postar capitulo por capitulo pois já estava escrita e já… :P
O final é assim para o triste. Mas é uma maneira de dar uma mensagem.
Não usem drogas. A droga mata e destrói vidas.
A vida nem sempre acaba bem. Nem sempre existe final feliz para sempre. A realidade é mais crua que isso.
Afonso e Íris eram apaixonados e amavam-se de verdade.
Afonso era um viciado e acabou com a vida de ambos. Nunca experimentem essas coisas. Por favor! Não destruam a vossa vida. Não entrem nessas coisas só porque os vossos amigos o fazem, e dizem que é fixe. Nunca experimente. Se fossem amigos, não vos ofereciam.
Afonso e Íris tinham um amor verdadeiro. E o amor verdadeiro nunca vai embora. Nunca passa nem nunca acaba. Tornasse insuportável. Para eles a vida não tinha sentido sem o outro. Afonso não podia continuar sem Íris. Era penoso de mais. Doía de mais.
Procurou juntar-se a ela na morte.
É essa a essência do ser humano.
Espero que comentem. Qualquer coisa, nem que seja um “eu li e não gostei” ou “eu li e até estava bem”. Para saber quem leu. :)
Aqueles que poderem deixar mais umas palavras digam como se sentiram e o que acharam do final.
Quanto á Margarida e Soraya, obvio que as mato se não comentarem! :P Mato nada. Sabem que voz adoro! :P E sei que elas sempre comentam qualquer coisa que escrevo. :P
Beijinhos e já sabem… Coments para mim! :P
Ar
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